Aspectos produtivos e emissão de metano de ovinos Santa Inês mantidos em pastejo sobre gramínea tropical consorciada com leguminosa

Resumo

A fermentação microbiana que ocorre no rúmen é o processo pelo qual é viabilizada a obtenção de alguns nutrientes aos ruminantes, como ácidos graxos voláteis e proteína microbiana, principais fontes de energia e proteína disponíveis ao organismo destes animais. No processo de fermentação entérica, também são gerados diversos outros produtos, tais como o hidrogênio (H2) e o dióxido de carbono (CO2), que por intermédio das bactérias metanogênicas, formarão o metano (CH4). A produção de CH4 representa perda que pode variar de 5 a 10% do potencial energético dos alimentos consumidos, uma vez que este gás não é metabolizado pelo organismo do animal, sendo em sua maior parte eliminado para o ar por meio do processo de eructação. Além desta perda, outro problema relacionado à produção e emissão de CH4 entérico pelos ruminantes é a interferência deste no meio ambiente. Componente do grupo denominado gases de efeito estufa (GEE), este gás apresenta um potencial de aquecimento global 25 vezes maior que o CO2.Com base nestes fatores, é importante para a indústria pecuária que se reduza a metanogênese na fermentação entérica, aumentando-se assim a eficiência produtiva do sistema e diminuindo o impacto ambiental da atividade. A dieta consumida pelos animais constitui-se o principal fator determinante do nível de CH4 produzido durante os processos digestivos de ruminantes. Uma classe de substâncias que vem sendo estudada em razão do seu potencial mitigador da emissão de CH4 é a dos taninos, compostos polifenólicos oriundos do metabolismo secundário de vegetais. Quando ingeridos em baixos teores, os taninos possuem a capacidade de gerar uma série de efeitos positivos ao metabolismo animal, tais como, a modulação da fermentação ruminal, aumentando a eficiência da síntese proteica microbiana; o aumento do aporte de aminoácidos essenciais ao intestino delgado, ocasionando melhor desempenho animal; e efeito inibidor sobre a produção de CH4. Com o presente projeto, pretende-se avaliar a suplementação da leguminosa Macrotyloma axillare, que possui teor de taninos totais igual a 19 g/kg na matéria seca, como uma estratégia de manejo nutricional visando a mitigação da emissão de CH4 entérico em ovinos, avaliando-se também, parâmetros produtivos relacionados ao consumo desta leguminosa. Por meio de técnica in vitro, pretende-se avaliar a produção de gases e digestibilidade de matéria orgânica da leguminosa M.axillare, e em experimento in vivo, serão avaliados durante 90 dias, o desempenho produtivo e a emissão de CH4 de 24 carneiros Santa Inês de 150 dias de idade. Serão formados dois grupos experimentais, o grupo controle, no qual os animais se alimentarão em pastagem de capim Aruana (Panicum maximum cv. Aruana), e o grupo tratamento, no qual os animais se alimentarão em pastagem de capim Aruana consorciado com M. axillare. A técnica utilizada para a avaliação da emissão de CH4 será a do gás traçador SF6, sendo realizados ao longo do período experimental, três períodos de coleta de CH4, com quatro dias de duração cada. Durante o experimento, os animais serão pesados quinzenalmente para avaliação do ganho em peso e ao final deste, serão abatidos para avaliação das características de carcaça. A emissão de CH4 em cordeiros Santa Inês, se alimentando destas mesmas dietas, também será avaliada por meio da técnica da câmara respirométrica, com o intuito de se estabelecer uma correlação dos resultados obtidos pelas duas técnicas de avaliação in vivo, SF6 e câmara respirométrica, com os resultados obtidos na avaliação in vitro. Ao final deste projeto, espera-se confirmar o potencial de mitigação da emissão de CH4 da M.axillare, e que os animais que consumirem esta leguminosa apresentem desempenho produtivo superior ao dos animais do grupo controle, possibilitando chegar-se a uma estratégia de manejo nutricional que diminua o impacto ambiental da ovinocultura e traga benefícios à produtividade.