A educação italiana em São Paulo: entre Vargas e Mussolini

Resumo

Muitos imigrantes italianos na primeira metade do século XX em São Paulo preocupavam-se com a educação de seus filhos e viam no acesso à educação formal um meio de ascensão social. Desde o final do século XIX, escolas isoladas e instituições beneficentes se espalhavam pelos bairros da cidade, principalmente ao redor das fábricas. No entanto, imigrantes emergentes economicamente ambicionavam para seus descendentes a oportunidade de frequentarem escolas que fizessem frente à educação da elite paulistana por meio da adoção de modelos de ensino europeus. Industriais, comerciantes e diplomatas articularam-se no Brasil e na Itália para a promoção da alta cultura italiana entre os jovens da comunidade radicada em São Paulo. No regime político fascista o discurso vigente era o da internacionalização, que incluía imigrantes e seus descendentes como membros da grande nação italiana. Desse modo, instituições culturais e escolares pelo mundo passaram a servir como pontos de irradiação do credo político gestado por Mussolini.No Brasil, durante o Estado Novo as instituições estrangeiras foram intensamente vigiadas e algumas até mesmo fechadas. O Departamento de Ordem Política e Social agiu em nome de ideais nacionalizadores e identificou agentes na circulação de ideias e práticas de ensino que romperiam com tais ideais. Assim, no final da década de 1930 e inícios de 1940, espaços e sujeitos encontravam-se no limiar dos cruzamentos e rupturas entre dois projetos, de um lado do governo Vargas e de outro da política cultural expansionista fascista. (AU)