A camisinha no cenário sexual brasileiro: aproximações entre prevenção de IST/AIDS e erotismo

Resumo

No Brasil, desde os primeiros anos da epidemia de HIV/aids, o uso de camisinha foi adotado como uma das principais diretrizes para a prevenção das Infecção Sexualmente Transmissíveis (IST). A despeito do aumento de sua inserção nas práticas sexuais, o então sexo seguro representa ainda um desafio significativo no controle da infecção. Esta pesquisa tem como objetivo compreender os discursos acerca da camisinha como método de prevenção de IST/aids no contexto brasileiro, a partir da década de 1980. Para tanto, apoia-se na perspectiva do construcionismo social e, mais especificamente, na noção de scripts sexuais, segundo a qual as experiências sexuais decorrem de aprendizados, resultantes da impregnação dos múltiplos roteiros relativos à sexualidade e da interiorização dos modos de funcionamento das instituições no que diz respeito às normas e possibilidades sexuais. Adota-se, como eixo analítico privilegiado, a dimensão do erotismo, polarizada entre uma noção medicalizada do erótico e uma noção mais libertária, segundo a qual o erótico escapa à racionalidade biomédica. Trata-se de uma investigação qualitativa, desenhada como estudo de caso e fundamentada na hermenêutica filosófica. Os dados serão coletados por meio de entrevistas em profundidade com pessoas que mantêm envolvimento significativo com o enfrentamento da aids no país e possam retratar com propriedade a construção social da fenômeno investigado. O processo analítico-interpretativo seguirá os pressupostos hermenêuticos na direção de uma compreensão aprofundada dos sentidos identificados. (AU)