Produzindo o Índio: Uma etnografia da categoria indígena a partir dos pontos de vista Nahua e Tupinambá

Resumo

Este projeto procura desenvolver um estudo comparativo entre os Nahua de Ayotitlán, situados no sudeste do estado de Jalisco, no México, e os Tupinambá de Olivença, localizados no sul da Bahia, no Brasil. Esses povos foram reconhecidos legal e politicamente como indígenas na ultima década do seculo XX, assumindo assim os direitos e as atribuições que as novas relações criaram, ao mesmo tempo em que se inseriram num contexto no qual a definição do que é ser índio/indígena se tornou uma categoria de disputa pela delimitação do que é e como deve ser esse outro/nativo, revelando dessa forma parte importante do que significa ser índio na atualidade. Assim a pesquisa busca mostrar a produção da categoria do indígena em situações diferentes e caracterizar os contextos singulares e compartilhados nos quais esses povos indígenas de latitudes distantes construíram suas definições do que é ser índio, dando ênfase às categorias e aos conceitos próprios a partir dos quais definem e nomeiam a realidade na qual hoje se reconhecem e são reconhecidos como povos. Essas categorias nativas serão submetidas aos debates da antropologia com o objetivo de estender, sob essa pluralidade explicativa, o alcance crítico que esses processos indígenas colocam a importantes pressupostos da teoria antropológica. Para isso, serão documentadas as respostas que cada um desses povos indígenas desenvolveram e desenvolvem a partir das próprias reflexões sobre suas trajetórias como coletividades, primeiro frente aos processos que os descaracterizaram como índios e posteriormente aos que os reconhecem como povos indígenas, distinguindo para isso o conjunto de atores que em diversas escalas e contextos se encontram envolvidos dentro dessas relações.