Diversidade das assembleias de cladóceros (Crustacea, Branchiopoda) de áreas adjacentes a trechos lóticos e reservatórios da Bacia do Rio da Prata (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai)

Resumo

Os cladóceros são um dos principais grupos taxonômicos e funcionais do plâncton de águas continentais. Por este motivo o seu estudo é de grande importância, tanto para a Ciência Básica (e.g. padrões de biodiversidade aquática e processos funcionais de ecossistemas) como para a aplicada (e.g. avaliação de impactos ambientais e estratégias de conservação). Muitas espécies de cladóceros apresentarem hábito de vida associado a áreas colonizadas por macrófitas aquáticas como planícies de inundação e zonas litorâneas, com alta diversidade biológica. Ao longo da Bacia do Rio da Prata são encontradas diversas e importantes áreas com essas características, as quais apresentam diferenças naturais intrínsecas, quanto ao tipo de clima/latitude/altitude e que também sofrem influências diversas das atividades humanas. No ano de 2010 foi iniciado um trabalho de investigação científica dos cladóceros deste tipo de áreas da Bacia do Rio da Prata, sendo que a presente proposta tem por objetivo dar continuidade a esses trabalhos. A principal premissa é que as assembléias de cladóceros sofrem alterações devido à posição geográfica, à estação do ano e aos usos locais da bacia hidrográfica, além de, adicionalmente, que a comunidade de macrófitas aquáticas também influencia na composição da comunidade de cladóceros. Para testar as hipóteses decorrentes dessas premissas pretende-se analisar a distribuição geográfica e a variação estacional das assembléias de cladóceros, a fim de determinar se há padrões de variação espacial e se a estrutura das comunidades se mantém ao longo do tempo e, ainda, se estão associados com as atividades humanas na bacia. Além disso, pretende-se analisar se há distribuição diferencial dos cladóceros em relação ao tipo funcional de macrófita com o intuito de esclarecer se a presença dessas plantas é fator predominante para a colonização diferencial dos ambientes pelas espécies de cladóceros. Para a obtenção dos dados necessários às análises acima citadas foram amostrados 23 pontos da Bacia do Rio da Prata durante o verão e o inverno de 2010, sendo 21 deles amostrados em ambos os períodos. Para os cladóceros, três amostras quantitativas foram tomadas em cada ponto de amostragem por meio de arrasto horizontal (68µm; 5m) na região adjacente aos bancos de macrófitas presentes (~1m) e uma amostra qualitativa integrada (macrófitas + coluna d'água) obtida com rede do tipo puçá (68µm). Essas amostras foram fixadas com formol a 4%. Para futuras análises moleculares foi tomada uma segunda amostra qualitativa integrada, fixada em álcool 90%. A fim de caracterizar, em termos limnológicos, cada um dos pontos de amostragem foi medido, em perfil horizontal (zona de macrófitas, zona adjacente, zona limnética) e com o auxílio de uma sonda Eureka Manta2, a temperatura da água, o pH, a condutividade elétrica, os sólidos totais dissolvidos e o oxigênio dissolvido. Amostras de água para determinação da quantidade de material em suspensão (orgânico e inorgânico), clorofila a e fósforo e nitrogênio totais também foram coletadas. Fragmentos (caules, pecíolos) das macrófitas dominantes foram obtidos para mensuração da biomassa do perifíton agregado. Foram tomadas, ainda, medidas da profundidade e transparência da água (disco de Secchi) em cada ponto de amostragem. A fim de determinar a ocupação diferencial dos grupos funcionais de macrófitas pelos cladóceros pretende-se realizar uma nova amostragem, com procedimentos específicos para cada tipo ecológico de planta (flutuantes, submersas e emersas enraizadas), em uma área selecionada representativa da diversidade desses vegetais. Com os resultados do presente estudo, somados a uma extensa revisão das informações disponíveis na literatura, espera-se poder elaborar um quadro da distribuição geográfica e dos atributos ecológicos das assembléias de cladóceros na Bacia do Rio da Prata, além de identificar os principais fatores naturais e antrópicos condicionadores dos padrões de variação. (AU)