Avaliação infantil: a entrevista clínica com a criança e o relato dos pais

Resumo

Como parte da assistência à saúde integral da criança, a atenção à saúde mental infantil constitui um desafio para os serviços de atendimento a esta população. As dificuldades comportamentais e emocionais, iniciadas na infância, podem estender-se ao longo do desenvolvimento, permanecendo durante a adolescência e idade adulta, impactando a vida do paciente e de sua família. Portanto, é fundamental o investimento em estudos para avaliação e compreensão dos problemas de comportamento infantis, para que, de posse destes dados, seja cabível a realização de um planejamento de intervenção adequado às necessidades da população em questão. No entanto, como os comportamentos infantis variam em função da situação e da pessoa com a qual a criança está se relacionando, os dados provenientes de um único informante podem não representar de forma fidedigna este paciente, sendo importante obterem-se informações de múltiplas fontes, bem quais as fontes de discrepâncias mostram-se de suma importância. O presente trabalho tem como ponto de partida o reconhecimento da importância da conjunção da avaliação clinica com a de outra fonte de informação sobre uma criança referida para o melhor atendimento psicológico dela. Dentro de esta perspectiva considera-se de fundamental importância a entrevista clínica por esta poder auxiliar na: (1) percepção que a criança tem de suas próprias dificuldades, competências, de sua vida em geral; (2) observação direta do comportamento da criança, bem como de seus sentimentos e estilos de interação; (3) percepção da criança sobre os estímulos antecedentes e consequentes de um comportamento problema específico; (4) investigação de sinais de comportamentos de risco, como risco de suicídio, risco para violência e risco para problemas emocionais, comportamentais e de aprendizagens a que a criança está submetida, no geral; (5) hierarquização das dificuldades emocionais e comportamentais. Assim, este projeto visa analisar níveis de concordância e discordância entre as avaliações realizadas por pais ou cuidador principal e pelo psicólogo clínico em relação a dificuldades internalizantes e externalizantes de crianças com idade entre sete e 11 anos. Para tanto pretende-se realizar entrevistas clínicas semi-estruturadas com a criança com 25 crianças, de ambos os sexos, encaminhadas para atendimento em serviços de saúde mental, a fim de compará-las com as respostas dos pais/cuidador a um inventário de comportamentos infantis. Além disto, pretende-se identificar se os dados demográficos e socioeconômicos dos pais/cuidador podem ser preditoras dos problemas indicados pelos mesmos em relação a seus filhos.