Estudo da interação entre a dopamina e a proteína príon celular

Resumo

A proteína príon celular (PrPC) é uma glicoproteína ligada à membrana plasmática via âncora Glicosil fosfatidil inositol (GPI). Sabe-se que essa proteína é capaz de interagir com diversas moléculas e desencadear sinais intracelulares que podem influenciar a diferenciação, a sobrevivência, a adesão e a resistência ao estresse celular, sugerindo que PrPC é uma proteína multifuncional. A porção amino-terminal de PrPC possui uma estrutura flexível e contém quatro a cinco repetições de octapeptídeos (PHGGGWGQ). Sabe-se que os polissacarídeos sulfatados ligam-se a essa região alterando a estrutura da porção amino-terminal. Essa alteração da estrutura expõe os resíduos de triptofano (W) dos octapeptídeos, criando uma superfície hidrofóbica. A implicação funcional dessa mudança de estrutura ainda não está esclarecida. Porém, o fato de PrPC apresentar afinidades às moléculas heterocíclicas ou aromáticas sugere que essa superfície hidrofóbica possa servir como o sítio de ligação para os compostos aromáticos, incluindo as monoaminas neurotransmissoras. Uma das monoaminas muito ativa nas funções centrais é a dopamina (Da). Embora a síntese, liberação, recaptação e degradação de Da sejam reguladas por várias enzimas e receptores bem estabelecidos, a alteração de sistemas monoaminérgicas em knockouts de PrPC ou em pacientes com doenças de príon indicam que PrPC participa no controle da biodisponibilidade de monoaminas. No entanto, até o momento não há trabalhos que relacionem uma possível interação entre a Da e a PrPC.Considerando-se a importância da PrPC nos sistemas monoaminérgicos e a sua capacidade de interagir com diversos ligantes, este trabalho visa avaliar se a PrPC possui uma região peptídica de ligação à Da e estudar quais os efeitos fisiológicos dessa interação.