Estudo genético e molecular da disseminação da resistência aos beta-lactâmicos em Pseudomonas aeruginosa

Resumo

Cerca de 70 a 80% dos bacilos gram-negativos não fermentadores isolados de espécimes clínicos humanos correspondem à espécie Pseudomonas aeruginosa, que está entre a maioria dos microrganismos resistentes aos antibióticos responsáveis por infecções hospitalares. Geralmente, essas infecções são difíceis de tratar devido à resistência natural desta espécie, bem como sua habilidade de adquirir mecanismos de resistência adicionais a múltiplos grupos de antibióticos. P. aeruginosa são resistentes a antibióticos devido a vários fatores, porém o principal mecanismo de resistência é a produção de ß-lactamases. Entre as ß-lactamases mais importantes estão as ESBL (ß-lactamases de espectro estendido), carbapenemases (metalo-ß-lactamases e serino-ß-lactamases), e ß-lactamases AmpC. A grande maioria destas enzimas é carreada por elementos genéticos móveis, tais como integrons (In), transposons (Tn) e elementos de inserção (IS), geralmente presentes em plasmídeos conjugativos. A presença de plasmídeos conjugativos carreando genes de resistência em bactérias é questão de grande importância, já que estes podem ser trocados entre elas, disseminando a resistência aos antibióticos. Conhecer estes genes, bem como os elementos que os carreiam é de extrema importância para o controle da disseminação desta resistência. Assim sendo, o principal objetivo desde trabalho é estudar plasmídeos carreadores de genes bla em Pseudomonas aeruginosa de amostra clínica e de colonização intestinal de pacientes, isoladas em hospitais de diferentes regiões brasileiras e correlacionar a presença desses plasmídeos a clones epidêmicos. Desta maneira será possível traçar o perfil da disseminação da resistência aos ß-lactâmicos em P. aeruginosa no Brasil e cruzar estas informações com dados já publicados de outros países. Os genes bla serão pesquisados por PCR (Polymerase Chain Reactiorí) e posteriormente seqüenciados. Após identificados os genes bla, será realizada a PFGE (eletroforese em campo pulsado) para determinar o perfil clonal dos isolados e somente os com perfis clonais diferentes terão seus plasmídeos tipados em grupos de incompatibilidade. Será realizada ainda a técnica de MLST (tipagem por sequenciamento de multilocus) para avaliar a relação clonal dos isolados inseridos no estudo. Espera-se, com este estudo, conhecer os plasmídeos carreadores de resistência em P. aeruginosa resistentes aos ß-lactâmicos e traçar a dinâmica da disseminação desta resistência nas diferentes regiões brasileiras. (AU)