Envolvimento das redes neurais do locus coeruleus e da neurotransmissão noradrenérgica no núcleo dorsal da rafe em processos antinociceptivos induzidos por reações de fuga orientada evocada pela estimulação química do hipotálamo medial

Resumo

O sistema encefálico da aversão está composto por diferentes estruturas mesencefálicas e prosencefálicas como a substância cinzenta periacueductal (SCP), as camadas profundas do colículo superior (CPCS), núcleo central do colículo inferior (NCCI), amígdala e hipotálamo medial. Estas áreas constituem os principais substratos neurais para a integração dos estados aversivos no sistema nervoso central. Assim, procedimentos de estimulação química e elétrica das regiões do tronco cerebral já mencionadas, eliciam respostas defensivas explosivas associadas ao medo e semelhantes àquelas que apresentam as pessoas que sofrem de síndrome do pânico. Contudo, técnicas similares realizadas em diferentes núcleos do hipotálamo medial caracterizam-se por produzir comportamentos de fuga mais organizados e de menor intensidade. Após a estimulação destas estruturas, observam-se processos antinociceptivos que são modulados por diversos mediadores químicos de natureza opióide e não opióide no mesencéfalo assim como em núcleos do sistema endógeno de inibição de dor e do complexo hipotalâmico, para os quais destinam-se projeções GABAérgicas inibitórias. O objetivo do presente trabalho consiste em estabelecer as conexões entre núcleos do hipotálamo ventro-medial (HVM) e núcleos do hipotálamo dorso-medial (HDM), com núcleos monoaminérgicos do sistema endógeno de inibição de dor, tal como o núcleo dorsal da rafe (NDR) e o locus coeruleus (LC), através de um estudo neuroanatômico com microinjeções iontoforéticas do neurotraçador anterógrado e retrógrado, a biodextrana marcada com Texas Red ou fluoresceína, em cada um dos núcleos hipotalâmicos estudados, seguindo-se reaçoes imunoistoquímicas para a identificação de neurônios positivos para Tirosina Hidroxilasa. Também será estudado o efeito da lesão neurotóxica com neurotoxinas específicas para neurônios noradrenérgicos no LC, que possivelmente possuem conexão direta ou indireta com o HVM e HDM e desempenham algum papel na analgesia induzida pelo medo evocado por estimulação química dos núcleos ventro-medial e dorso-medial do hipotálamo. Em grupos independentes de animais serão determinados os efeitos do pré-tratamento com microinjeções de antagonistas noradrenérgicos no NDR, que possui conexão recíproca com o LC, para avaliarmos o envolvimento da via cerúleo - rafe dorsal no controle da dor durante a organização da antinocicepção induzida por reações de defesa orientada.