Conflito, reconhecimento e justiça: uma nova forma a teoria crítica

Resumo

A filosofia política contemporânea tem se debruçado sobre questões como as do multiculturalismo, cidadania, direitos humanos, políticas públicas inclusivas, justiça. Nesse quadro está inserida a teoria do reconhecimento de Axel Honneth. A categoria de reconhecimento é uma herança da filosofia hegeliana, segundo a qual há uma necessidade de supor um certo contexto normativo originário e preexistente para toda a prática social e política, ou seja, uma concepção dialógica da identidade social e cultural. Essa categoria, junto à de conflito social, ressurge no centro da perspectiva teórica de Honneth desenvolvida em seu livro "Luta por reconhecimento", obra na qual, mediante o diálogo com Marx, Sartre, Mead, Habermas, Rawls, entre outros, ele deixa claro que a intersubjetividade (comunicativa) não nega o sujeito mas permite concebê-lo como o ser coletivo que é, que se constrói e emancipa num processo contínuo de luta (por reconhecimento) e interação, duas especificidades constantes nas lutas políticas contemporâneas que, um tanto quanto libertas dos conflitos de classe, se manifestam hoje como lutas por reconhecimento de diferenças culturais, de orientação sexual, de gênero ou de raça. Este modelo está também diretamente articulado com o debate atual sobre a justiça: ao procurar analisar os obstáculos e as possibilidades das sociedades contemporâneas para a realização da liberdade Honneth se aproxima de questões normativas de justiça e, não fugindo do quadro referencial da teoria crítica, oferece em "Sofrimento de indeterminação" uma solução conceitual hegeliana para a questão da vida boa e da eticidade. O projeto diz respeito a uma análise das categorias "conflito", "reconhecimento social" em conjunto com a de "justiça" na obra de Axel Honneth. Por meio do estudo dessas categorias, procura-se avaliar até que ponto Honneth consegue rumar a um modelo teórico que o capacita a apresentar uma nova forma à Teoria Crítica, e com isso, melhor refletir sobre as contrariedades da configuração teórico política das últimas décadas, mais especificamente enfrentar o debate com pensadores da filosofia política cujas teses são distributivas. (AU)