Italianos e negros: configuracoes e conflitos familiares no latifundio cafeeiro (o caso de sao carlos).

Resumo

Italianos e brasileiros negros constituem dois dos grupos que compunham a força de trabalho dos latifúndios de São Carlos no contexto pós-abolição. Os primeiros, através do programa de imigração subsidiada do Estado brasileiro, chegaram em grandes levas de famílias e preencheram uma grande parcela dos postos de trabalho da economia cafeeira, enquanto que parte das famílias de ex-escravos permaneceu nas fazendas em que antes eram cativas, em uma posição na maioria dos casos inferior a dos trabalhadores europeus. Por meio da análise do recenseamento municipal de 1907 e de inquéritos policiais registrados durante a virada do século XIX para o XX, busca-se realizar um estudo comparativo entre as famílias de italianos e de afro-brasileiros presentes no espaço rural do município de São Carlos durante o período citado. Pretende-se realizar um detalhado levantamento sobre a situação socioeconômica das famílias de ambos os grupos, da configuração de tais unidades familiares, das suas estratégias de reprodução social, além da coleta de informações sobre os valores e percepções que essas origens auferiam sobre a própria instituição família. A pesquisa, dessa maneira, torna-se muito útil para perceber diferenças entre estratos sociais que, segundo a maioria da bibliografia, ocuparam posições polares dentro do mercado de trabalho agrícola instituído posteriormente à introdução do trabalho livre, contexto em que o trabalho familiar assume um caráter central dentro do processo produtivo cafeeiro. (AU)