Rede de relações sociais e relacionamento entre irmãos: a perspectiva da criança em acolhimento institucional

Resumo

De acordo com o ECA, abrigos devem garantir que grupos de irmãos não sejam desmembrados. Sabe-se que na separação ou ausência de um adulto com quem já estabeleceu um vínculo afetivo, os irmãos podem vir a se constituir como importantes figuras de apego. Sendo a negligência uma das principais causas de abrigamento, ou seja, casos em que os pais não exercem as funções de maternagem/paternagem adequadamente, pode-se esperar que quando um grupo de irmãos é abrigado, muito provavelmente trazem consigo uma vivência que fez com que os irmãos ocupassem um lugar importante em suas vidas. Estudos têm mostrado que os abrigos são ocupados majoritariamente por grupos de irmãos, embora poucas pesquisas investiguem este assunto. Este projeto tem como objetivo investigar a posição assumida pelos irmãos na rede de relações de crianças abrigadas, buscando-se identificar se há uma procura preferencial por irmãos, por outras crianças, ou por adultos. Pretende-se entrevistar dois grupos de irmãos em três abrigos diferentes, que tenham entre 5 e 12 anos de idade. Será utilizada uma adaptação da matriz proposta por Lewis (2005), que conta com questões a respeito de quem a criança procura e por quem é procurada em determinadas situações. Para contextualizar estes dados serão entrevistados quatro funcionários de cada abrigo, além de observações no local. Pretende-se com este trabalho ampliar o conhecimento sobre o assunto e, a partir disso, refletir sobre possíveis implicações e procedimentos que contribuam com a promoção da qualidade no acolhimento de crianças e adolescentes. (AU)