Narração e doutrina na Constante Florinda: exempla estóicos para uma vida cristã

Resumo

Este trabalho pretende, num primeiro momento, delimitar a figura do narrador das duas partes de uma obra de ficção seiscentista, intitulada 'Infortúnios trágicos da Constante Florinda'. Para tanto, serão utilizadas a Retórica e a Poética como bases do estudo. Delineado o caráter do narrador, o que se buscará mostrar, em seguida, é que no seu discurso há uma presença marcante do estoicismo - em sua versão cristã, moderna - e que seu elogio a uma vida constante, longe dos vícios, pode ser considerado elogio a um modo de viver estóico. Em decorrência dessas análises, como objetivo secundário, é intenção da pesquisa demonstrar quão fundamental é ver pelo prisma do estoicismo não só esse narrador, em particular, mas também grande parte da ficção portuguesa do século XVII em geral. Com o foco direcionado para aquele pequeno alicerce talvez se possa esclarecer algo dessa estrutura. (AU)