Taxonomia morfológica e molecular de helmintos parasitas de animais ectotérmicos no Brasil

Resumo

O Brasil apresenta a maior biodiversidade para vários grupos do mundo, incluindo mais de 300/0 das espécies de peixes de água doce, 8% das espécies de répteis e líder mundial na diversidade de anfíbios, abrigando mais de 1000 espécies, o que reflete a grande riqueza e diversidade da fauna parasitária destes animais. E para a manutenção de toda essa biodiversidade, o primeiro passo é conhecê-Ia. Alguns grupos de parasitas exigem uma atenção especial, por apresentarem estruturas delicadas, diferenças morfológicas sutis e escassez de dados na literatura, tornando necessário especialistas no tema e ferramentas refinadas para sua análise, como é o caso dos monogenoides de peixes e alguns nematoides de anfíbios. Entre os monogenoides, Dactylogyridae e Gyrodactylidae são as famílias mais abundantes e diversas, associadas às brânquias de peixes, e representam quase a totalidade da classe, com mais de 300 espécies descritas em águas continentais do Brasil. Os nematoides comumente encontrados em anfíbios pertencem à família Rhabdiasidade e Cosmocercidae. Os rhabdiasideos parasitam os pulmões e possuem 101 espécies distribuídas globalmente, porém a sua sistemática tem sido instável pelo diagnóstico incerto de vários caracteres morfológicos usados por diferentes autores. Os nematoides de Cosmocercidae apresenta 43 espécies e sete gêneros para os anfíbios da América do Sul, sendo os mais comuns aqueles de Cosmocerca e Aplectana. Ambos os gêneros possuem fêmeas com morfologia muito semelhante dificultando a identificação específica. A falta de sistematas que utilizem as ferramentas da taxonomia integrativa, as descrições muito antigas de espécies e a falta de detalhamento nas descrições contribuem para a escassez acerca do conhecimento da real diversidade dos parasitas na Região Neotropical. Diante disto, este estudo objetiva realizar descrições e redescrições de espécies de monogenóides (Dactylogyridae e Gyrodactylidae) e nematoides (Rhabdiasidade e Cosmocercidae.), tombados na Coleção Helmintológica do Instituto de Biociências, UNESP campus Botucatu, com base na morfologia e biologia molecular. (AU)