Diversidade de recursos pesqueiros das nascentes e cursos d’água do sistema hídrico do Alto Rio Paraná no Estado de São Paulo, Brasil

Resumo

A chamada bacia do Alto Rio Paraná inclui todo a bacia de drenagem do rio Paraná a montante do Salto de Sete Quedas (atualmente submerso pelo reservatório de Itaipu) e inclui afluentes de grande porte como os rios Grande, Paranaíba, Tietê e Paranapanema. Geograficamente, os aproximadamente 900.000 km2 da bacia de drenagem abrangem o norte do Estado do Paraná, sul do Mato Grosso do Sul, a porção maior do estado de São Paulo, localizada a oeste da Serra do Mar, sul de Minas Gerais, sul de Goiás e uma pequena área do leste do Paraguai, adjacente ao Mato Grosso do Sul. No estado de São Paulo, segundo nossas estimativas, a bacia contém 22 famílias e aproximadamente 170 espécies descritas de peixes, apresentando os cursos de água de maior porte do estado, habitados em seus canais principais principalmente por espécies de porte médio a grande. Associados a estes cursos de água existe um enorme número de riachos e cabeceiras hidrográficas, habitados primariamente por espécies de pequeno porte, com distribuição comparativamente restrita, pouco ou nenhum valor comercial e grandemente dependentes da vegetação ripária para alimentação, reprodução e abrigo. Espécies de peixes de pequeno porte como estas compõem aproximadamente 50% do total de espécies de peixes de água doce descritas da América do Sul e apresentam elevado grau de endemismo geográfico, sendo o estudo da sua sistemática, evolução e biologia geral a grande fronteira e desafio da ictiologia sul-americana neste final de século. Infelizmente, tais espécies de peixes de riachos e cabeceiras são também as mais ameaçadas no estado de São Paulo pela ação humana deletéria representada pelo desmatamento e uso extensivo de fertilizantes e pesticidas associados à agropecuária mecanizada extensiva, uma vez que são direta e imediatamente afetadas por quaisquer alterações nas imediações de seus cursos d'água, já que, de um modo geral, dependem maciçamente da importação de material orgânico alóctone da vegetação ripária para subsistir. Dentro da porção paulista da bacia do Alto rio Paraná, nossas estimativas indicam que as sub-bacias (tal como definidas no Mapa Síntese do Estado de São Paulo do BIOT A/SP - ver Fig. 2 do Projeto) do Pontal do Paranapanema, do Alto Paranapanema, do Peixe, do Aguapeí, do Baixo Tietê e do São José dos Dourados são pouco coletadas para peixes; já as sub-bacias do Médio Paranapanema, do Turvo-Grande, do Baixo Pardo-Grande, do Sapucaí-Grande e do Piracicaba-Capivari-Jundiaí são medianamente coletadas, enquanto que somente as sub-bacias do Tietê-Sorocaba, do Tietê-Jacareí, do Tietê-Batalha, do Mogi-Guaçu e do Pardo são bem coletadas de modo geral; ou seja, das 16 sub-bacias componentes da porção paulista da bacia do Alto Paraná, para peixes em geral 6 são pouco coletadas, 5 são medianamente coletadas e 5 são bem coletadas, fato que permite afirmar que aproximadamente 70% das sub-bacias em questão são pouco ou apenas medianamente conhecidas em termos da sua ictiofauna. Assim, o objetivo principal deste projeto é o estudo da ictiofauna de riachos e cabeceiras hidrográficas da porção paulista da bacia do Alto rio Paraná, através da aplicação de uma metodologia padronizada... (AU)