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Etnografias da seca: estudos de antropologia do clima

Processo: 16/10038-3
Modalidade de apoio:Auxílio à Pesquisa - Publicações científicas - Livros no Brasil
Vigência: 01 de agosto de 2016 - 31 de julho de 2017
Área do conhecimento:Ciências Humanas - Antropologia - Teoria Antropológica
Pesquisador responsável:Renzo Romano Taddei
Beneficiário:Renzo Romano Taddei
Instituição Sede: Instituto de Saúde e Sociedade (ISS). Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Campus Baixada Santista. Santos , SP, Brasil
Assunto(s):Meteorologia  Clima  Secas  Conhecimento tradicional  Povos indígenas  Yanomami  Publicações de divulgação científica  Produção científica  Livros 
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:clima | Conhecimentos Tradicionais | Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia | Meteorologia | Profetas da chuva | Seca | Antropologia ambiental, estudos sociais da ciência e da tecnologia

Resumo

A ideia de que o que se fala sobre o clima pode transformar-se em algo perigoso, em função das respostas sociais que pode suscitar, é bastante antiga; da mesma forma, em função de sua riqueza polissêmica, das ambiguidades conceituais que cercam o conceito, e das intensas mobilizações coletivas que evoca, o clima é um elemento tradicional de constituição do campo político, em praticamente todas as sociedades de que se tem registro. O tema central desse livro é estudar como pessoas e grupos distintos, em contextos diversos, compõe o clima como parte do trabalho de composição da realidade. Nos capítulos 1 e 3 analiso como se constroem as condições para falar sobre o clima como um elemento da realidade, e sobre os territórios onde o clima "acontece", como "coisa". Ou seja, como se produz um clima ao se falar de coisas como, por exemplo, o estado; e, de forma inversa e correlata, como falar do clima é uma forma de produzir o estado. No capítulo 2 estudo a relação de sistemas sociais de regulação de reciprocidade e a meteorologia, caracterizada como agente que tem autoridade para falar sobre o mundo mas se crê isenta de responsabilidade pelos efeitos do que fala. No caso particular da meteorologia, esta se mantém na curiosa posição de poder hegemônico altamente vulnerável ao sacrifício público, através dos artifícios da culpabilização, da ridicularização, do humor, etc. Nos capítulos 4 e 5 discuto as atividades dos chamados profetas da chuva do sertão - em sua maioria pequenos agricultores que aprenderam a ler os sinais do ecossistema e a partir deles elaborar previsões sobre a estação chuvosa. O que discuto são as estratégias usadas pela mídia (capítulo 4) e pelos atores políticos do estado (capítulo 5) de modo a manter esta forma popular e alternativa de conhecimento climático sob (relativo) controle. No capítulo 6, analiso os processos através dos quais uma seca - caracterizada por uma ausência, o que coloca dificuldades cognitivas e perceptivas na organização da ação coletiva - é construída como entidade política. No sétimo capítulo lido com um assunto correlato: não um evento climático como existente imaterial com o qual temos dificuldades em relacionar-nos, mas a própria percepção do clima, desta vez na qualidade de conhecimento científico, como simulacro que dificulta, ao invés de facilitar, nossa conexão com a natureza que nos cerca. A discussão se dá através da análise do filme Árido Movie. O oitavo capítulo trata da ausência do tema dos desastres na produção antropológica brasileira. O texto foi elaborado por ocasião de uma mesa de debates entre antropólogos mexicanos e brasileiros dedicados ao estudo dos desastres, ocorrido em Brasília em novembro de 2013. O nono capítulo retoma o tema dos profetas da chuva e procura repensar a relação entre humanos e o ecossistema. Partindo de estímulos como uma obra teatral, um documentário e material etnográfico do autor, o texto dissolve as fronteiras entre o pensamento e a relação material entre sujeito e ambiente, em especial aquelas que ocorrem na forma de deglutição, para concluir que a digestão é a mais ecológica das nossas capacidades, e a abordagem dos problemas ambientais atuais por essa chave ecológica desloca, de forma interessante, o papel da cognição e do mentalismo. Por fim, o décimo capítulo trata do problema da geoengenharia - esquemas tecnológicos cujo objetivo é tomar controle sobre as temperaturas da atmosfera. O texto apresenta os conceitos fundantes da geoengenharia, e as reações críticas a ela, por parte de ambientalistas e intelectuais das humanidades e ciências sociais. Em seguida, são apresentados dois casos de populações dentre as quais a ideia de "manipulação da atmosfera" não é entendida como algo que suscite horror: os Ianomâmi, através do pensamento de Davi Kopenawa; e a Fundação Cacique Cobra Coral, entidade vinculada à tradição da umbanda e que afirma ser capaz de alterar os estados da atmosfera através de rituais de cunho religioso. (AU)

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