Home Office: gênero e flexibilidade no setor de TI

Resumo

Esta pesquisa se propõe a retomar o olhar para o trabalho a domicílio a partir de uma de suas facetas contemporânea: sua utilização pelo setor de serviços. Como recorte, vou me dedicar ao trabalho produtivo realizado no espaço doméstico por homens e mulheres classificados em seu contexto sócio-profissional como qualificados, que atuam no setor de Tecnologia da Informação (TI), e que marcam sua experiência de trabalho a partir de um léxico que os diferencia do típico trabalho a domicílio: na linguagem êmica, este tipo de trabalho é nomeado de Home Office. Propõe-se compreender como a prática do Home Office é elaborada, no discurso e na prática, como política empresarial, e quais são os sentidos, significados e usos atribuídos a ela pelos homens e mulheres que dela desfrutam. Pretende-se trabalhar com a ideia de flexibilidade a partir de uma perspectiva não dual, que a compreenda articulando autonomia e heteronomia ao mesmo tempo em que produz e é produzida pelo gênero. A contribuição que se pretende dar ao campo de estudos de trabalho e gênero é o de visibilizar os mecanismos de atualização e (re)produção da divisão sexual do trabalho, das hierarquias de classe e do consentimento. A unidade familiar e sua relação com o trabalho será o ponto de partida da análise, que não irá prescindir de uma investigação que leve em conta os debates sobre usos do tempo e interseccionalidade. (AU)