Uma análise do impacto do Programa de Ação afirmativa da Universidade de São Paulo

Resumo

Apesar do acesso ao ensino superior ter se ampliado muito no Brasil nos últimos anos, estudantes de baixo nível socioeconômico ainda estão pouco representados na universidade. Para tentar reverter esse cenário, diversas universidades brasileiras implementaram políticas de ação afirmativa. Seguindo essa tendência, a Universidade de São Paulo (USP) implementou um programa de ação afirmativa que difere das universidades federais por não estar baseado em cotas. A partir de 2007, alunos que fizeram o ensino médio em escolas públicas recebem um acréscimo percentual nas notas da primeira e segunda fase do vestibular da FUVEST. Um dos objetivos desse projeto será a construção de uma base de dados que combinará os dados do vestibular da FUVEST, do sistema de graduação da USP e os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) que contém informações do universo de trabalhadores do setor formal no Brasil. A partir desses dados, será possível responder a diversas perguntas relevantes para a literatura acadêmica e para a formulação de políticas públicas. Nesse projeto será investigado se a política aumentou o número de estudantes (candidatos ao vestibular e matriculados) de baixo nível socioeconômico na USP. Em seguida, será verificado como o desempenho dos alunos admitidos através do programa de ação afirmativa da USP, tanto na graduação da USP como no mercado de trabalho, se compara com o desempenho de alunos que obtiveram ranking similar no vestibular, mas não receberam o bônus. Os resultados obtidos nesse projeto serão fundamentais para entender o funcionamento de programas de ação afirmativa sem cotas, como o implementado pela USP, e poderão apoiar decisões de política pública relacionadas ao acesso ao ensino superior no Brasil e no mundo. (AU)