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Quatremère de Quincy. Cartas a Miranda

Processo: 15/11961-7
Modalidade de apoio:Auxílio à Pesquisa - Publicações científicas - Livros no Brasil
Vigência: 01 de agosto de 2015 - 31 de julho de 2016
Área do conhecimento:Ciências Sociais Aplicadas - Arquitetura e Urbanismo - Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo
Pesquisador responsável:Beatriz Mugayar Kühl
Beneficiário:Beatriz Mugayar Kühl
Instituição Sede: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU). Universidade de São Paulo (USP). São Paulo , SP, Brasil
Assunto(s):Preservação e conservação de acervos  Preservação  Bens culturais  Carta  Publicações de divulgação científica  Produção científica  Livros 
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:bens culturais | Cartas a Miranda | Preservação | Quatremère de Quincy | Preservação de Bens Culturais

Resumo

As Cartas a Miranda de Quatremère de Quincy, publicadas originalmente em 1796, têm enorme interesse no que respeita à fundamentação teórica de questões de preservação e ao problema da transferência de obras de arte. Quatremère de Quincy, que se engajou na vida pública após a Revolução de 1789, era filiado a propostas de uma monarquia constitucional, manifestando-se contra a radicalização que se instaura em 1792. Condenado à morte, viveu um período escondido, até ser inocentado em agosto de 1796. As cartas - frontalmente contrárias à política oficial - teriam sido escritas entre abril e julho de 1796, divulgadas parcialmente desde junho e publicadas em sua totalidade na segunda quinzena de julho, ou seja, num período em que o autor corria sérios riscos. Na introdução da edição de 1836, Quatremère revela que o destinatário das cartas era o general Francisco de Miranda, que propôs estabelecessem uma correspondência discutindo os perigos de espoliação dos monumentos de Roma depois das vitórias do General Bonaparte no norte da Itália. A voz de Quatremère de Quincy é dissonante daquela do Diretório, mostrando uma diversa visão de civilização (e de civilidade): os bens culturais são entendidos como bem comum, que pertencem a toda Europa e não a um país; não cabe a nenhum país se apropriar da cultura alheia. Em seu texto combativo, apaixonado em defesa da tradição artística europeia, mostra as contradições da política então desenvolvida pelo Diretório e os numerosos problemas que acarretaria para as artes. Seu texto despertou vivas reações no período; apesar de não ter efeito imediato, suas ideias continuaram a reverberar por longo período. Para ele, deslocar obras não é propagar, mas dispersar o conhecimento, pois o estudo das obras de arte exige sua reunião no ambiente para o qual foram criadas, ou em que estiveram durante muito tempo, repercutindo num âmbito mais alargado da produção artística (tema que desenvolve ao longo das várias cartas). Apontou os malefícios dessa remoção para o estudo das artes, pois obras espalhadas ofereceriam meios incompletos para a educação, julgando que o desmembramento se reverteria contra seus imprudentes autores, uma vez que o museu que se formaria mediante a "repatriação" não poderia transportar o conjunto em sua inteireza, que é fundamental para entender e valorizar as partes que o constituem. Afirma ainda que o fato de deslocar apenas as obras consideradas as mais importantes fariam com que sua própria apreciação fosse prejudicada, pois não seria possível comparar com as obras medianas, ou mesmo ruins, feitas no mesmo período, dificultando a apreensão de sua qualidade e de seu sentido. A França proporcionaria, assim, apenas um corpo fragmentário e Roma permaneceria com maior quantidade de obras e, portanto, como o destino primário dos estudiosos. Quatremère de Quincy elabora de maneira original a intrínseca relação da obra com o contexto em que está inserida, e a importância capital desse contexto, entendido de modo alargado, abarcando variados aspectos como o clima, as formas da natureza, as fisionomias, as lembranças e as tradições locais, os jogos, as festas. Trabalha, pois, de modo articulado com aquilo que hoje chamamos de patrimônio material e imaterial, mostrando sua inter-relação e o fato de serem incindíveis. Com suas proposições amplia os horizontes de reflexão da preservação de monumentos históricos e dá passos essenciais para a posterior conformação do campo disciplinar do restauro. A decisão de publicar as Cartas a Miranda justifica-se pelo interesse do texto no que respeita a questões de preservação e de história da arte, e está numa área de intersecção de pesquisas autônomas desenvolvidas pelos organizadores e tradutores desse volume; as relações com os respectivos campos de interesse (preservação e história da arte) estão nos ensaios introdutórios ao volume e são resultados de pesquisas financiadas FAPESP (ver documento anexo: bmk-ResultadosAuxiliosAnteriores.pdf). (AU)

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