Psicanálise e teoria literária O tempo lógico e a roda da escritura

Resumo

Discernir como aliar inspiração, tradição, cultura e invenção, por um lado, e grão de gozo, real, rasura e manuscrito, por outro lado, é o objetivo deste livro. A roda da escritura ajuda a entender as relações entre esses conceitos a partir do estudo dos manuscritos. O homem, escritor ou artista continua sendo o centro, mas mais subjugado do que sujeito, mais aberto às descobertas do que planejador, Édipo artista e suplicante em relação a linguagem escolhida do que regente de uma escritura instrumental, scriptor enfim para se tornar autor. Preocupado ou angustiado na sua escritura, objeto do texto móvel, frequentemente submergido sem saber pela música das palavras ou da frase, a harmonia das cores, uma concepção da beleza interna ou uma lógica subjacente, o escritor ou o artista se reconhecem aos poucos como outro ou outro, oferecendo aos leitores ou aos espectadores um espelho, segundo o narrador proustiano, permitindo-lhe ir além deles mesmos e de se descobrir também outro do que se imaginavam. A roda da leitura ilustra este movimento de audácia que convida o público leitor a sair da repetição cotidiana e de seus hábitos de pensamento, a mergulhar no Outrora de Quignard e a questionar sua inserção na comunidade (AU)