EntreAto: o poético e o analítico

Resumo

O livro EntreAto: o poético e o analítico reúne os trabalhos realizados na IX Jornada Corpolinguagem/ II Encontro OUTRARTE (4, 5 e 6 de novembro de 2009, no IEL/ Unicamp). Congregando uma série de trabalhos que, em seu conjunto, partilham uma reflexão sobre a especificidade do ato poético e do ato analítico, este livro coloca em prática uma visão interdisciplinar sobre a relação da psicanálise com outros campos de saber, configurando um momento expressivo de um processo de elaboração e investigação iniciado há mais de 10 anos por pesquisadores congregados em e/ou convocados por atividades do grupo de pesquisa SEMASOMa (sob a orientação da Profa. Dra. Nina Leite) e do Centro de Pesquisa OUTRARTE (ambos sediados no IEL-Unicamp). A noção de ato analítico tem se configurado como um lugar relevante a convocar reflexões a respeito das aproximações e diferenciações importantes a serem trabalhadas no que respeita ao fazer do poeta e ao ofício do psicanalista. Se, por um lado, não é incomum encontrarmos autores que trabalham na direção de um estreitamento entre as duas posições, chegando mesmo a propor uma homologia entre o ato poético e o ato analítico, sabemos que tal posição pode produzir, no limite, um velamento da especificidade tanto do poético quanto do analítico. A fim de sustentar o que há de singular em cada posição, é necessário partir do esclarecimento da noção de ato e identificar como ele se modaliza em diferentes campos. Com este propósito, o livro se abre por um "entreAto" - o relato "Bled el atech", de Nuno Ramos -, seguido de uma conferência da Dra. Cláudia de Lemos e mais 46 textos distribuídos em sete seções - a primeira ("Ato/ questões") promovendo um trabalho teórico abrangente sobre a(s) especificidade(s) da noção de ato, e as restantes testando sua eficácia e poder de articulação na clínica psicanalítica, nas artes (literatura, cinema, artes plásticas, música) e em tópicos contemporâneos (política, cultura, educação). Diferentemente de sua abordagem no âmbito da ciência, em que se coloca em continuidade o pensamento e a ação e em que se faz a economia da hipótese do inconsciente, todos os textos aqui reunidos compartilham uma premissa básica: entre o sujeito e seus atos há hiato, uma vez que não sabendo o que o causa o sujeito do pensamento está impossibilitado de medir o bem supostamente visado em seus atos. Dos 51 autores que participam do livro, mais da metade são pesquisadores vinculados a universidades paulistas, e quatro são convidados internacionais, entre eles Ettore Finazzi-Agro, da Universidade de Roma "La Sapienza", e Luis Behares, coordenador do Programa Políticas Educativas do NEPI/AUGM. Todos os textos foram submetidos ao arbítrio de um conselho editorial integrado por especialistas na área de Linguagem e Psicanálise. (AU)