Auxílio à pesquisa 10/08146-6 - Dialética, Trabalho - BV FAPESP
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A categoria trabalho e a teoria social do devir. ensaio sobre a dialética de Hegel e de suas ressonâncias no materialismo de Marx

Processo: 10/08146-6
Modalidade de apoio:Auxílio à Pesquisa - Publicações científicas - Livros
Área do conhecimento:Ciências Humanas - Sociologia - Fundamentos da Sociologia
Pesquisador responsável:Jesus José Ranieri
Beneficiário:Jesus José Ranieri
Instituição Sede: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Campinas , SP, Brasil
Assunto(s):Dialética  Trabalho 
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:consciência | Dialética | Hegel | Marx | Objetivação | trabalho | Epistemologia das Ciências Sociais

Resumo

O texto aqui submetido tem por intenção apresentar o idealismo de Hegel como uma forma fundadora, no plano epistêmico, daquilo que apareceria depois como a espinha dorsal de uma crítica da economia política desenvolvida por Karl Marx ou, para concordar com György Lukács, encarar Hegel como o "precursor da dialética materialista de Marx". A afirmação gira em torno da concepção de que, mais do que uma Filosofia em sentido profissional, o que caracteriza a perspectiva hegeliana (e também, depois, a contribuição de Marx) é a formulação de uma substantiva teoria social ancorada na aglutinação entre economia e dialética como fundamento tanto da história quanto da atividade humana, ou seja, economia e dialética como elementos que sustentam uma lógica expositiva destas história e atividade humanas na forma de apresentação de um método científico. O conteúdo do texto leva em conta, então, primordialmente a exposição da esfera epistemológica da teoria hegeliana, já que a investigação do lugar das categorias e conceitos referidos ao método teve momentânea prioridade sobre as categorias e conceitos da crítica da economia política, justamente porque o desvendamento desta última depende fundamentalmente da apreensão daquelas primeiras. O fundamento ontológico da perspectiva hegeliana está presente na noção de que nas categorias da Lógica há um movimento que as unifica, uma vez que a função desta lógica é a de corresponder à realidade para depois fazer desta última seu objeto e articulá-lo segundo suas potencialidades internas, libertadas da contingência - a trajetória da lógica é a mesma da autoconstituição humana, uma vez que o princípio de análise da dinâmica das conexões causais mostra que o caminho potencial da filosofia é o de conceber a ciência como unidade entre consciência e materialidade, fazendo com que tanto uma quanto outra se tornem (em virtude de seu entrelaçamento) tanto objeto como agentes do proceder do conjunto do ser social. Conteúdo teórico e conteúdo prático se equivalem, portanto, uma vez que as contradições percebidas consistem na forma mesma de atuação humana no mundo, consideradas as iniciativas e os resultados de decisões que nem sempre correspondem à intencionalidade inicial que as geraram, na gênese do ser que cria e compreende esse mundo de um ponto de vista conceitual, onde as referidas contradições estão presentes no processo de constituição do real, mas não na própria concepção do referido processo. Deste modo, a especificidade da exegese levada a efeito por Hegel exige das outras concepções teóricas a prospecção de seu próprio conteúdo, pois as obriga a demonstrar que o abandono à vida do objeto esteja compatível com os instrumentos teoréticos usados pelas propostas analíticas oriundas de seus princípios gnosiológicos de avaliação. De maneira sintética, a hipótese que defendemos é que a filosofia hegeliana deve ser tomada como uma ampla teoria social a partir da qual são assentadas as bases para a gênese de uma doutrina materialista que encontra no trabalho (na atividade humana) o conjunto das pressuposições de desenvolvimento dos aspectos abstrato e concreto de toda constituição do ser. E isso porque encontramos nessa teoria a pressuposição de que, mais importante do que este ser, é o processo que sobre ele atua, transformando-o de acordo com sua caracterização interna. Tudo o que é essencial, enquanto identidade e necessidade, mostra-se como produto do próprio ser social e não do pensamento, uma vez que é função deste último captar, através das chamadas determinações-da-reflexão, o caminho real que vai do ser à essência, caminho que se configura a um só tempo como objetivo e independente. O conhecimento é um atuar coletivo que aproxima o conteúdo da ciência daquele da cultura humana presente enquanto história do mundo.O texto apresentado é, enfim, uma tentativa de dar um passo na compreensão de uma teoria do reflexo no sistema de Marx, sistema herdado dessa contribuição teórica de Hegel. (AU)

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