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Violência na etiologia de psicopatologia em crianças impacto da violência intencional e social em crianças até 12 anos: fatores de risco, clínicos, endócrinos, genéticos, estruturais e neuropsicológicos

Resumo

Abusos ocorridos durante a infância são conhecidos fatores de risco para o desenvolvimento de doenças mentais, sejam de transtornos mentais de início na própria infância ou na vida adulta. Vários achados científicos demonstram associações entre alterações biológicas com a presença de história de abuso precoce, entre estas: alterações do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA), do sistema nervoso autônomo (SNA), da arquitetura do sono, alterações imunológicas, alterações cerebrais estruturais e funcionais, assim como alterações neuropsicológicas. Ainda certos polimorfismos genéticos parecem conferir uma maior ou menor resiliência do indivíduo aos traumas, mas estes genótipos podem ter também sua expressão modulada através de experiências de afeto, continência e segurança. Contudo, muitas questões ainda precisam ser respondidas com relação a etiopatogenia de transtornos mentais associados a presença de eventos traumáticos violentos. Alguns casos desenvolvem transtornos mentais logo em seguida ao evento traumático, outros carregam um risco, que podem estar associado a fatores biológicos como os descritos acima. Alguns estudos sugerem que estas alterações e até mesmo o tipo de transtorno desenvolvido, depende da época na qual os abusos ocorrem, assim como do tipo de abuso, sua frequência e duração e quem foi o perpetrador. As prevalências de diferentes tipos de violências intencionais (doméstica e sociais - taxas de homicídios, assaltos seqüestros), assim como de transtornos mentais decorrentes destes são elevadas em nosso país, o que torna fundamental o estudo desta relação. Neste estudo exploratório pretendemos estudar o impacto de experiências traumáticas nos diferentes estágios de evolução da criança e qual o efeito de intervenções clínicas usuais (psicofarmacoterapia e psicoterapias indicadas segundo manual de condutas) nos mesmos. Serão avaliadas as primeiras 60 crianças, com idades entre 7 e 12 anos, que procurem o ambulatório do Programa de Atendimento e Pesquisa de Violência. (PROVE), que tenham sido vítimas ou testemunhas de uma violência e/ou abuso, sendo que 40 (casos) apresentam transtorno mental, avaliados através de uma entrevista psiquiátrica semi-estruturada, e 20 (controles) não desenvolveram psicopatologia. Somente serão incluídas crianças que assinaram o termo de assentimento e os que os pais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido previamente aprovados pelo comitê de ética em pesquisa da UNIFESP. Todos serão submetidos a uma avaliação clínica e psicométrica. Serão colhidas amostras de saliva para avaliação do cortisol, melatonina e saliva para avaliar a presença de certos genes candidatos. Um subgrupo de 30 indivíduos (15 casos e 15 controles) escolhidos aleatoriamente, entre nossa amostra, serão submetidos a avaliação neuropsicológica e realizarão uma ressonância magnética cerebral. Os pacientes serão avaliados na entrada e após 12 meses. Os resultados deste estudo poderão nos orientar sobre a prevenção e tratamento dos quadros psiquiátricos relacionados a violência. (AU)

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Publicações científicas
(Referências obtidas automaticamente do Web of Science e do SciELO, por meio da informação sobre o financiamento pela FAPESP e o número do processo correspondente, incluída na publicação pelos autores)
MILANI, ANA CAROLINA C.; HOFFMANN, ELIS V.; FOSSALUZA, VICTOR; JACKOWSKI, ANDREA P.; MELLO, MARCELO F.. Does pediatric post-traumatic stress disorder alter the brain? Systematic review and meta-analysis of structural and functional magnetic resonance imaging studies. PSYCHIATRY AND CLINICAL NEUROSCIENCES, v. 71, n. 3, p. 154-169, . (10/09104-5)

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