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Medicina e escravidão nas dimensões do universo colonial: a América Portuguesa e o Caribe francês no Século XVIII

Resumo

Neste projeto tenho por objetivo analisar os principais tratados médico-cirúrgicos destinados à cura das doenças dos escravos na América portuguesa do século XVIII, procurando ao mesmo tempo estabelecer comparações com livros do mesmo gênero relativos ao Caribe francês. Trata-se de um tema riquíssimo e que apesar de estar despertando atenção crescente dos historiadores, principalmente dos estudiosos da escravidão, que continuamente vêm trazendo contribuições valiosíssimas para o entendimento do assunto, ainda carece de análises mais profundas. Tal análise deve ser feita no contexto mais amplo da Ilustração e mais especificamente da administração dos escravos durante o século XVIII, quando então presencia-se uma mudança frente a esta questão. Diferentemente de épocas anteriores, quando a administração dos escravos guiava-se sobretudo pelos princípios da consciência cristã, a filosofia Ilustrada representada por uma corrente que se opunha ao fim da escravidão, propunha uma série de novas atitudes em relação ao governo dos escravos que então procurava conciliar os princípios humanitários, próprios das Luzes, ao interesse econômico. Guiados pelos princípios humanitários próprios das Luzes e cientes das dificuldades de obtenção de escravos através do tráfico intercontinental, no caso caribenho, e ainda em função das dificuldades pelas quais passavam as economias exportadoras na segunda metade do século XVIII, letrados e senhores de escravos passam a ver o saber médico como instrumento fundamental das economias coloniais. Assim, um dos nossos objetivos é analisar este saber em função do contexto cultural, social e econômico no qual ele se inseria. Para o desenvolvimento do projeto pretendemos fazer levantamentos em bibliotecas do estado de São Paulo como no próprio IEB que guarda vários livros raros relativos ao nosso tema, além de outras como a biblioteca Mário de Andrade, biblioteca Guita e José Mindlin, biblioteca Nacional, e biblioteca nacional de Lisboa. Uma vez que teremos que fazer levantamentos em todos os fichários existentes no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) e também entre as obras não catalogadas existentes neste Instituto, pensamos na construção de um banco de dados relativo à África. Considerada a quarta mais importante biblioteca do Brasil, e a mais significativa do estado de São Paulo em volume de obras raras, o IEB guarda livros valiosíssimos relativos aos mais diversos aspectos do continente africano entre os séculos XVI e XIX, estando entre eles temas relativos a viagens, relatos de missionários, tratados de comércio, livros de agricultura, medicina e história natural, dentre outros assuntos. Seguindo os mesmo padrões do Brasil ciência - projeto desenvolvido no IEB com financiamento da FAPESP e que está disponível no site WWW.ieb.usp.br - o banco deverá ser estruturado da seguinte forma: além dos dados normalmente presentes em todos os catálogos eletrônicos e bancos de dados, tais como nome do autor e da obra, local, data editora e palavra chave, faremos um resumo de cada livro do banco, o que por sua vez permitirá ao usuário fazer uma busca precisa e detalhada sobre o tema procurado. Feito o banco, serão selecionados cerca de 80 títulos mais expressivos relativos ao continente africano dentre todo o conjunto documental, os quais serão digitalizados e colocados integralmente à disposição do público no site do Instituto. Na impossibilidade de digitalizar todo o material sobre a África existente no IEB, serão selecionados alguns títulos que obedecerão aos seguintes critérios: daremos prioridade às obras mais raras e de difícil acesso aos pesquisadores assim como àquelas consideradas mais significativas pela comunidade acadêmica. (AU)

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