Instituto de Ciência e Tecnologia para o Estudo das Doenças Associadas ao Papilomavírus

Resumo

O papilomavirus humano (HPV) é responsável pela doença sexualmente transmitida mais comum no mundo, infectando as mucosas anogenital e laringofaríngea e a pele causando lesões neoplásicas malignas e benignas. Calcula-se que pelo menos 50% das pessoas sexualmente ativas estão infetados com pelo menos um tipo de HPV. Os HPVs causam cerca de 250.000 mortes por ano de câncer cervical, mais frequentemente em países em desenvolvimento. Por ser um problema de saúde pública e apresentar alta incidência de lesões cosméticas e funcionais, as papiloviroses humanas devem fazer parte da estratégia de saúde de qualquer país. Estima-se, no Brasil, o aparecimento de 700 mil novos casos de HPV por ano, o que justifica o posto de líder mundial na incidência da doença sexualmente transmissível (DST) mais comum no mundo. Os custos anuais para o screening (Papanicolau) nos EUA, atingem 5 bilhões de dólares. Estes fatos fazem trazem à tona a necessidade de criação de um Instituto dedicado aos estudos desta afecção. Pela chamada 15/2008 do CNPq o MCT solicita que os interessados encaminhem projetos de formação ou consolidação de Institutos de Ciência e Tecnologia com organização temática. Este instituto deverá ter o pesquisador-coordenador com status de bolsista de produtividade 1A ou 1B do CNPq ou perfil equivalente; o tema a ser abordado deve ter impacto e relevância social e estratégica; as Instituições associadas ao Instituto deverão ter experiência clínica e em pesquisa no tema; o Instituto deverá ter capacidade de formação de técnicos, formar profissionais de nível superior por meio de cursos de especialização, aperfeiçoamento e pós-graduação stricto-sensu; ter trânsito facilitado para captação das angustias e necessidades da sociedade e divulgação e transferência das soluções encontradas para os mesmos; também deverá ter capacidade para estabelecer relacionamento com empresas privadas com a finalidade de gerar inovações e patentes e capacidade de liderança e centralização de ações interdisciplinares. Com este objetivo em mente delineamos um projeto com a temática HPV como doença e procuramos elaborar uma grade organizacional que contemplasse as necessidades do edital e que favorecesse a continuidade de pesquisa de médio e longo prazo em assuntos relacionados ao tema, propiciando futuras solicitações de fomento em projetos com a mesma temática. No projeto ora sumarizado entendemos que a instituição idealizada poderá oferecer: Formação de recursos humanos: no nível médio com Estágios Técnicos em saúde com convênio de relacionamento com o CIEE (a ser formalizado), para receber estudantes em estágios empresa-escola; na Graduação com ligas estudantis (já elaborada e definida no curso de graduação de Medicina, Fonoaudiologia e Enfermagem da Santa Casa de São Paulo, pronta para ser iniciada), com projetos de Iniciação científica (foi estabelecida cota de PIBIC para trabalhos dedicados ao estudo do HPV na Graduação da Santa Casa de SP), com curso de extensão de curta duração em HPV (com planejamento e ementas já definidas na Santa Casa de SP); na Pós-graduação sensu-lato foi elaborado um curso de longa duração (400hs) com o tema HPV de cunho multidisciplinar e multiprofissional junto a Santa Casa de SP, e que deverá dar formação teórico-prática desde a Biologia viral até a prevenção, tratamento e desenvolvimento de novas drogas; na Pós-graduação sensu-stricto onde foram abertas linhas de pesquisa sobre a Biologia viral do HPV e HPV como doença (Prevenção e Tratamento). Transferência de conhecimento para a sociedade: A Santa Casa tem capacidade de estabelecer uma comunicação de dupla-via através de projetos comunitários já amplamente estabelecidos, são eles: EducaSão Miguel (projeto social que visa o treinamento de agentes de saúde e conscientização da população); Expedições (projeto social que oferece assistência médica global associada a orientação populacional em tópicos específicos à comunidades carentes); Gravidez na adolescência (que dá assistência global às adolescentes grávidas da região central da cidade de SP) e o Rede Santas-Casas (que visa o treinamento à distância de profissionais de Saúde das 375 Santas-Casas do Estado). Centralização e gerenciamento de pesquisas e projetos: Através de um sistema informatizado on-Iine de submissão e seguimento de trabalhos científicos, que pode dar suporte desde o início do planejamento, até a confecção de orçamentos, captação de recursos, submissão ao CEP, alimentação de dados à distância, elaboração do texto final, tradução até a submissão em periódicos científicos. Produção da pesquisa: Deverá ser alinhavada em torno da possibilidade de se estabelecer um banco de dados conjunto e compartilhável de informações epidemiológicas e clínicas e de um conjunto de espécimes obtidos de pacientes infectados e em situação de risco. A expectativa é a de que se construam dúvidas relacionadas ao HPV como produtor de doença, com um enfoque global para o Instituto, assim como também dúvidas particulares, de cada um dos associados. Estas dúvidas poderão ser trabalhadas individualmente, ou poderão ser estabelecidos grupos sinérgicos de ação em pontos comuns para confecção de projetos temáticos. A diversidade de experiências com que o grupo é composto, havendo desde instituições e pesquisadores se dedicando a trabalhos de cunho prático e assistencial, passando por atividades de formação acadêmica, chegando na pesquisa básica de ponta, favorecerá fortemente este processo. Deste modo, esta parceria será capaz de solucionar todas as principais solicitações desta chamada, a saber: Densidade e experiência em pesquisa básica; Status científico e de pesquisa; Capacidade de transferência dos conhecimentos para a sociedade civil e fomento à inovação e patentes no tema. Como contrapartida institucional de um projeto desta magnitude a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo deverá oferecer: Sede visível; Facilidade para pesquisa clínica; Disponibilidade de Recursos Humanos como técnicos de laboratório, médicos, enfermeiros, assistentes sociais e técnicos administrativos; Disponibilização de atividades nos seus diversos laboratórios assistenciais e de pesquisa básica, rede de gerenciamento com dedicação exclusiva e comunicação on-Iine e setor administrativo de suporte. O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para o Estudo de Papilomaviroses Humanas deverá atuar de maneira articulada em rede formada por muitas das principais instituições do país que atuam junto ao tema, a saber: Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ICMSCSP), Instituto Ludwig para Estudo do Câncer, Hospital Emílio Ribas, Instituto Adolfo Lutz, Centro de Referência e Treinamento DST / AIDS, Fundação Tide Setubal, Instituto de Ciências Avançadas em Otorrinolaringologia (ICAO), Instituto de Pesquisa de Células-Tronco IPCTRON, Centro de Integração Empresa-Escola CIEE, Laboratório de Virologia UM 52 Divisão Clínica de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da FMUSP, Laboratório de Patologia das moléstias infecciosas do Departamento de Patologia da FMUSP, Laboratório de Biologia Molecular do Departamento de Patologia da FMUSP, Disciplina de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da UNIFESP, Centro de Saúde Escola Barra Funda, Instituto do Sono, CRASE (Centro de Reprodução Assistida para Situações Especiais). A verba conseguida com este projeto possibilitará a criação, na sede central, de laboratórios de virologia, biologia molecular e anatomia patológica de última geração para o tema em questão, permitirá acesso facilitado aos financiamentos nas diversas esferas para pesquisa de alta complexidade e de nível internacional; promoverá melhoria na qualidade de atendimento e de serviços oferecidos à sociedade relativos ao tema; permitirá a formação de profissionais altamente qualificados e geração de patentes, elaborará e executará campanhas de orientação destinadas ao público leigo. Além disso, será implementado um Ambulatório Multidisciplinar para o atendimento à comunidade acometida pelo HPV que contará com a participação das especialidades Ginecologia, Dermatologia, Otorrinolaringologia, Cirurgia cabeça e pescoço, Urologia e Proctologia e proverá um fluxo contínuo de informações e pacientes que deverá ser compartilhado por todos os agentes do Instituto, facilitando trabalhos clínicos com as mais diversas questões. O Instituto linda deverá prover condições físicas de intercâmbio de experiências e comunicação em tempo real por cabeamento e telemedicina para favorecer o fluxo de decisões e implementar a geração de questões e soluções dos componentes do grupo. (AU)