Resumo
Sob a denominação "Efeitos biológicos e aplicações farmacêuticas de lectinas", reunimos projetos de investigação que objetivam estudar as repercussões biológicas de interações de lectinas com carboidratos, com maior ênfase àquelas que envolvem ligantes expressos na superfície de células. Visto que os estudos anteriores de nosso grupo revelaram que interações estabelecidas por lectinas, desde que devidamente dissecadas do ponto de vista molecular, têm potencial aplicação em terapêutica, o projeto atual tem como objetivo adicional caracterizar e viabilizar a utilização farmacêutica de algumas lectinas, com ênfase à KM+, de Artocarpus integrifolia. Os projetos de pesquisa estão distribuidos em 5 unidades temáticas, cada qual com objetivos bem definidos, sumarizados a seguir: 1) interações lectina-carboidrato na ativação e regulação de funções celulares: a interação de lectina com glicanas apropriadas da superfície de leucócitos pode induzir sinalização, ativação celular, migração e secreção de citocinas, eventos que tomam alto o impacto biológico da ligação. Os projetos inseridos nessa unidade têm como objetivo investigar repercussões biológicas da interação de lectinas de mamíferos, de parasita e de planta com glicanas da superfície de leucócitos, quais sejam neutrófilos, mastócitos, macrófagos, células dendríticas e células T reguladoras; 2) interações lectina-carboidrato na modulação da imunidade a infecções: nossos estudos anteriores demonstraram que algumas lectinas, ao interagirem com glicanas da superfície de APCs, interferem na produção de IL-12. Assim, animais aos quais se administra a lectina KM+, bem como camundongos geneticamente deficientes de galectina-3, podem ter alterado o padrão de resistência/suscetibilidade a infecções por parasitas intracelulares, fato atribuído à mudança no padrão de citocinas secretadas por células do hospedeiro. Outros mecanismos, além da produção de citocinas, podem participar das respostas observadas. Os projetos inseridos nessa unidade têm como objetivo avaliar o efeito de diversas lectinas sobre a produção de citocinas e sobre o curso de infecções por diferentes patógenos. A expectativa é de que a dissecção molecular das interações revele eventos ainda desconhecidos da relação parasita-hospedeiro, os mecanismos por eles responsáveis, bem como fundamentem novas estratégias vacinais ou imunoterápicas; 3) lectinas envolvidas em tumorigênese e anti-tumorigênese: lectinas, endógenas e exógenas, ao interagirem com glicanas aberrantes de células tumorais podem interferir na biologia dessas células, de maneira a interferir na sua proliferação, morte, adesão à matriz extracelular, migração e metastatização. Os projetos inseridos nessa unidade têm como objetivo investigar o impacto da interação de algumas lectinas com células tumorais, em modelos desenvolvidos in vitro e in vivo, bem como estudar a expressão de lectina endógena em tumores humanos; 4) aplicações farmacêuticas de lectinas: as investigações sobre a repercussão biológica de interações lectina-carboidrato, desenvolvidas por nosso grupo nos últimos anoS, tiveram desdobramentos referentes a potenciais aplicações farmacêuticas de algumas das lectinas estudadas. Os projetos inseridos nesta unidade representam tentativas de estudos sistematizados de aplicações de lectinas como indutoras de regeneração tecidual, agentes imunoterápicos, constituintes de preparação vacinal ou ferramentas para isolamento de imunoterápico de uso veterinário; 5) obtenção de lectina recombinante nas formas nativa e truncada, avaliação da atividade biológica e aplicação farmacêutica: um dos maiores obstáculos para o uso clínico de lectinas é a imunogenicidade dessas moléculas. A lectina KM+ destaca-se por seu grande potencial de aplicação farmacêutica. Os projetos inseridos nesta unidade representam o esforço multidisciplinar a ser investido na obtenção de formas truncadas da lectina, ou "mini KM+", desprovidas de imunogenicidade, ainda que com propriedades biológicas conservadas. Contêm ainda propostas para obtenção de lectina recombinante, produzida em E. coli, livre de contaminação com lipopolissacarídeo bacteriano, constituindo-se em preparação adequada para uso farmacêutico. (AU)
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