Biodiversidade, estrutura das comunidades e processos ecológicos na zona de ecótono rio/lago: um estudo na região de desembocadura do rio Paranapanema na represa de Jurumirim

Resumo

A região de desembocadura de um rio num reservatório constitui um ecótono. Esta unidade ecológica constitui uma zona de transição entre dois ecossistemas adjacentes e apresenta características peculiares que diferenciam ambientes limítrofes. No seu estudo, os componentes estruturais e funcionais devem ser bem discriminados. Os ecótonos apresentam morfologia e anatomia distintas; caracterizam-se por apresentar uma composição (riqueza específica e diversidade) e uma dinâmica bem determinadas. Na zona de ecotonorio/reservatório, dois tipos de ecótonos podem ser diferenciados: os ecótonos longitudinais e os ecótonos laterais. Os primeiros constituem a zona de redução da velocidade da corrente e deposição de material transportado enquanto os segundos podem tratar sejam de sistemas ripárias e/ou verdadeiras planícies de inundação, quanto a topografia é favorável e os pulsos hidrológicos funcionam como sistema de alagamento desses ambientes laterais. Este projeto pretende, na região de desembocadura do Rio Paranapanema na Represa de Jurumirim, descrever: a) a estrutura da região de ecótonos (laterais e longitudinais) e em particular mostrar o seu grau de sinuosidade e a sua resolução (com ênfase nas macrófitas); b) a dinâmica temporal eventual das alterações da morfologia desta zona de transição; c) o papel funcional desta região em termos de agente "filtrador", "armazenador" e/ou exportador de matéria orgânica e elementos; d) a diversidade biológica (macrófitas e fauna associada, plâncton e peixes), suas possíveis modificações a nível temporal (sazonal) e associações com fatores abióticos; e) a dinâmica do processo de decomposição de plantas aquáticas, o papel dos invertebrados e a liberação de nutrientes no sistema aquático; f) o hábito alimentar das espécies (grupos) de peixes mais abundantes ou importantes para a pesca na região, visando o estabelecimento da estrutura trófica; g) o possível grau de disseminação de espécies exóticas ou transferidas de outras bacias hidrográficas e o seu impacto e "adaptação" nestes ecótonos; h) a identificação citogenética de algumas espécies da Ordem Characiformes, Siluriformes e Perciformes, visando avaliar a biodiversidade genética desta comunidade de peixes; i) as características cariotípicas de algumas espécies de peixes da família Anastomideos, com o objetivo de contribuir para a elucidação de sua taxonomia e sistemática e também, avaliar possíveis diferenças intrapopulacionais na espécie Prochilodus scrofa. (AU)