Neuropeptídeos nas respostas de defesa e homeostase: receptores e vias neurais

Resumo

Investigações anteriores realizadas em nosso laboratório, envolvendo abordagem multidisciplinar, permitiram identificar as vias neuronais e receptores envolvidos no efeito pressor da bradicinina microinjetada no núcleo paratrigeminal. Através de ensaios radioautográficos localizamos receptores da bradicinina no trato trigeminal espinhal, bulbar e núcleo paratrigeminal, no núcleo do trato solitário e, por métodos de biologia molecular, os produtos gênicos codificadores dos receptores B2 de cininas no bulbo de ratos. Este conjunto de dados, acrescidos de estudos em andamento e da literatura, sugerem que o núcleo paratrigeminal tenha funções associadas à integração de informações sensitivas aos mecanismos de modulação cardiovascular reflexa e, possivelmente, com a respiração e termoregulação. Isto é sugerido porque o núcleo paratrigeminal recebe aferências primárias dos nervos trigêmio, glossofaríngeo e vago e tem projeções eferentes para o trato solitário e os núcleos reticular lateral, reticular rostroventro lateral e ambíguo (achados do laboratório) e núcleos parabraquiais. De fato, a indução da expressão de receptores B, de cininas ou de seus produtos gênicos na medula espinhal e bulbo/hipotálamo de ratos com diabetes (por estreptozocina) ou febris (lipopolissacáride, LPS, de E. coli) respectivamente. Entretanto, em animais nos quais a resposta febril ao LPS foi abolida pela vagotomia, não foi observada a expressão de receptores B1. Neste contexto, objetivamos mapear as vias neuronais ascendentes associadas à resposta febril, tendo como referência os núcleos bulbares (paratrigreminal e NTS) e o centro regulador da temperatura corporal, o hipotálamo. Abordagem análoga será conduzida em relação aos estímulos nociceptivos, visto que o núcleo paratrigeminal tem sido envolvido na mediação da transmissão de sinais dolorosos orofaciais e viscerais. Portanto, o presente projeto pretende dar seguimento aos estudos do papel do núcleo paratrigeminal na mediação de informações sensitivas e da sua integração com estruturas bulbares e mesencefálicas. Ênfase será dada ao delineamento da organização das aferências do núcleo em relação às projeções específicas empregando abordagem anatômica, eletrofisiológica, farmacológica e neuroquímica. Para atingirmos os objetivos propostos pretendemos nos utilizar de ferramentas anatômicas, medidas eletrofisiológicas (para mapeamento das atividades neuronais), lesão de estruturas, uso de agonistas e antagonistas seletivos para receptores nos núcleos relevantes. Além disso, os efeitos dos estímulos pirogênicos e nociceptivos serão monitorados por respostas comportamentais, eletrofisiológicas, cardiovasculares, variação da temperatura corporal e pela expressão de receptores para neuropeptídeos e outros mediadores, ou de seus respectivos produtos gênicos. (AU)