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As forças de paz ou a paz à força: etnografia de uma missão de paz da ONU no Haiti

Processo: 24/17590-0
Modalidade de apoio:Auxílio à Pesquisa - Publicações científicas - Livros no exterior
Vigência: 01 de dezembro de 2024 - 30 de novembro de 2025
Área do conhecimento:Ciências Humanas - Antropologia
Pesquisador responsável:Ana Elisa Santiago
Beneficiário:Ana Elisa Santiago
Instituição Sede: Centro de Educação e Ciências Humanas (CECH). Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). São Carlos , SP, Brasil
Assunto(s):Cooperação internacional  Haiti  Missões de paz  Organização das Nações Unidas (ONU) 
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Cooperação Internacional | Haiti | Minustah | Missões de Paz | Onu | Antropologia da burocracia

Resumo

A criação da ONU em 1945 marcou o início de uma nova era, com o objetivo de evitar conflitos globais e promover a paz. Este livro analisa como, ao longo das décadas, a ONU implementou suas Missões de Paz, uma ferramenta essencial na governança global, para estabilizar regiões em crise por meio de processos políticos, segurança pública e promoção dos direitos humanos. A Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH) serve como um caso emblemático que ilustra a complexidade e os desafios dessas intervenções.Entre 2004 e 2017, a MINUSTAH, liderada por militares brasileiros, buscou aliar forças bélicas e diplomáticas para estabilizar o país através de um robusto corpo burocrático. As atividades da cooperação internacional no terreno haitiano resultaram no que a autora chama de "paisagem estatizada", aquela criada pelos aparatos institucionais da ONU, baseada em princípios ocidentais como democracia representativa e livre mercado, reconhecidos e legitimados internacionalmente. A análise antropológica da MINUSTAH revela o descompasso entre a padronização burocrática da ONU e as narrativas locais sobre a missão, sobretudo dos movimentos sociais haitianos. O Haiti foi transformado em um "laboratório de intervenção", onde padrões ocidentais de governança prevaleceram, desconsiderando a organização social e as dinâmicas internas, agravando os conflitos que supostamente buscavam resolver. Ao destacar os efeitos negativos da Missão, o trabalho revela que parte da população haitiana enxerga as forças de paz como uma extensão da dominação estrangeira, reforçando uma continuidade entre colonização e capitalismo neoliberal. Inspirada por Michel-Rolph Trouillot, a autora evidencia como a ideia de paz promovida pela cooperação internacional silencia as experiências e expectativas locais. Longe de promover transformações estruturais, a ONU é percebida pelos movimentos sociais como uma força que reprime levantes populares e interfere de forma prejudicial na política interna. Para esses grupos, a verdadeira mudança virá da resistência e da luta contra a exploração e opressão externas, tendo a Revolução Haitiana como um poderoso símbolo de emancipação e libertação.A análise crítica entre as narrativas de sucesso promovidas pela ONU e os efeitos negativos apontados pelos movimentos sociais haitianos oferece uma reflexão necessária sobre a eficácia dessas intervenções, questionando a capacidade da ONU em estabelecer um diálogo inclusivo e horizontal com a população civil, cuja falta de participação resulta justamente nos fatores que determinam o fracasso da ajuda internacional."As forças de paz ou a paz à força..." não revela apenas as limitações da MINUSTAH, mas serve também como um alerta para futuras intervenções, propondo uma reavaliação dos modelos internacionais e enfatizando a importância de um engajamento verdadeiro e colaborativo com as populações que pretendem atender na busca pela paz, pela estabilidade e pela democracia. (AU)

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