Propriedades benéficas à saúde de bacteriocinas produzidas por bactérias ácido láticas isoladas de produtos fermentados indígenas

Resumo

As bactérias ácido láticas (BAL) são difundidas ao longo da história como importantes micro-organismos utilizados na fermentação de produtos lácteos, cárneos e de vegetais, desempenhando um papel importante no desenvolvimento de sabores e texturas. Alguns exemplos de gêneros são Lactobacillus (reclassificado em 25 novos gêneros desde 2020), Lactococcus, Leuconostoc, Pediococcus e Bifidobacterium. Essas bactérias são capazes de converter substratos em ácidos orgânicos e produzir uma ampla gama de metabólitos, incluindo compostos antimicrobianos, como as bacteriocinas, conferindo-lhes uma vantagem competitiva nas interações com outros micro-organismos. Por definição, as bacteriocinas são compostos proteicos que exibem atividade bactericida ou bacteriostática contra cepas geneticamente relacionadas. Numerosas bacteriocinas produzidas por BAL já foram descritas e são bem conhecidas por suas atividades contra patógenos de origem alimentar e de importância clínica, sendo indicadas para uso como bioconservantes na indústria de alimentos, na co-administração com antibióticos e estudos recentes sugerem o uso terapêutico devido às propriedades anticancerígenas. O objetivo deste projeto é isolar cepas de BAL produtoras de bacteriocinas a partir de variados alimentos produzidos de forma artesanal na América Latina, incluindo produtos indígenas, de origem vegetal e animal. Serão realizados testes fisiológicos, bioquímicos, biomoleculares e sequenciamento genético para identificação apropriada. Uma vez identificadas, as cepas serão analisadas quanto à segurança para administração em seres humanos, incluindo a avaliação da susceptibilidade a antibióticos (teste fisiológico), detecção de genes relacionados à resistência a antibióticos e à virulência, atividade hemolítica, produção de aminas biogênicas, perfil enzimático e degradação de mucina. Em seguida, as bacteriocinas serão caracterizadas e purificadas parcialmente por meio da precipitação com sulfato de amônio e separação de frações por cromatografia hidrofóbica. As bacteriocinas semipurificadas serão caracterizadas quanto à atividade antimicrobiana contra patógenos de relevância e serão avaliadas quanto à citotoxicidade em células Vero. Por fim, as bacteriocinas semipurificadas serão analisadas em modelos in vitro quanto às propriedades anticancerígenas utilizando células tumorais epiteliais colorretais e quanto às propriedades antivirais utilizando vírus do herpes, dengue e zika. (AU)