Adaptação aos eventos extremos hidrológicos por meio de Soluções Baseadas na Natureza

Resumo

As projeções climáticas indicam que o estado de São Paulo terá que lidar com os efeitos das mudanças climáticas de diversas maneiras. De um lado, as projeções apontam para o aquecimento da atmosfera e todos os modelos projetam uma redução na duração das ondas de frio, bem como um aumento na duração das ondas de calor. De outro, em relação à precipitação anual e aos eventos extremos relacionados, não há consenso de tendência entre os modelos, embora haja uma tendência de clima mais seco com reduções anuais de precipitação. Em todos os cenários, as alterações climáticas devem continuar a agravar os problemas ambientais e urbanos e a aumentar os riscos, especialmente para as comunidades que já vivem em condições vulneráveis. Com o objetivo de aumentar a resiliência do estado de São Paulo às mudanças climáticas, foi lançado o Plano de Ação Climática (PAC), um plano de investimentos em transformações importantes na infraestrutura de produção e de serviços do estado, buscando contribuir para reduzir desigualdades sociais e regionais e zerar suas emissões líquidas de carbono. Em 2024, o estado se prepara para lançar seu Plano de Adaptação e Resiliência Climática (PEARC), com o objetivo de avançar em ações adaptativas em cinco setores temáticos considerados estratégicos: biodiversidade, saúde única, segurança alimentar, segurança hídrica e zona costeira. É neste contexto atual que esta pesquisa de pós-doutoramento, vinculada ao Projeto Biota Síntese (um "Centro de Ciência para o Desenvolvimento"), tem como objetivo principal analisar, no âmbito do Estado de São Paulo, as interações e a influência de soluções baseadas na natureza (SbN) na adaptação, com atenção particular aos impactos associados aos eventos extremos hidrológicos (e.g. problemas relacionados à segurança hídrica, como secas e enchentes). Com foco especial nas áreas urbanas do estado (considerando que 96% da população paulista vive em cidades), a pesquisa irá analisar, para diferentes cenários de mudanças climáticas, o impacto de áreas verdes e de SbN nos serviços ecossistêmicos de regulação, captação e estocagem de água. Essa análise vai envolver: (i) o mapeamento da vulnerabilidade climática em diferentes escalas (municípios, regiões metropolitanas, macrometrópole paulista, estado de São Paulo) e para diferentes grupos sociais; (ii) a avaliação da capacidade adaptativa nestas diferentes escalas, por meio de indicadores e espacialização de dados; (iii) a avaliação de viabilidade de intervenções alinhadas a SbN nestas diferentes escalas; e (iv) a proposição de projetos de SbN e de planejamento urbano para fazer frente aos eventos extremos hidrológicos. Essas análises irão ainda levar em conta questões relacionadas à justiça climática e ambiental e gentrificação verde. Os resultados fornecerão subsídios para o desenvolvimento de estratégias de adaptação climática no estado de São Paulo, em particular para três setores estratégicos do PEARC: biodiversidade, segurança hídrica e zona costeira. (AU)