Potencial das plantas de citros geneticamente modificadas supexpressando o gene rpfF no controle de doenças bacterianas de citros.

Resumo

Em estudos prévios do nosso grupo de pesquisa (resultados obtidos do projeto temático (13/10957-0), foram desenvolvidas duas variedades comerciais de laranja doce superexpresando o gene rpfF responsável pela síntese da molécula "fator de sinalização difusível" (DSF). O DSF é uma pequena molécula de ácido graxo responsável pela comunicação celular ou quorum sensing, que regula genes associados a formação de biofilme e movimento bacteriano. A partir dessas informações, foi desenvolvida a estratégia denominada "confusão do patógeno", que se baseia na superexpressão do gene rpfF em plantas, de modo que a produção de DSF interfira na colonização bacteriana e, consequentemente, com os sintomas da doença. As plantas geneticamente modificadas de citros, quando inoculadas com X. fastidiosa e Xanthomonas citri, em condições controladas, apresentaram significativa redução dos sintomas da doença, resultante de um fenótipo mais aderente da bactéria e dificuldade de se movimentar na planta hospedeira (Caserta et al., 2014, 2017). Os eventos com maior resistência estão em fase de testes no campo, com autorização da LPMA pela CTNBio. As avaliações iniciais dessas plantas quanto ao desenvolvimento agronômico e resistência a doenças foram iniciadas durante o projeto temático que encerrou em maio de 2022. Nesse período, verificamos que alguns eventos apresentaram maior resistência ao Huanglongbing (HLB), doença causada pela bactéria Candidatus liberibacter asiaticus, considerada o principal problema fitossanitário da citricultura. Curiosamente, mesmo após três anos de plantio, em área com alta pressão de seleção da doença, alguns eventos apresentam poucos ou nenhum sintoma, o que nos levou a hipótese que o DSF poderia estar funcionando também como um elicitor, e ativando o sistema de defesa inato das plantas. A verificação dessa hipótese é um dos objetivos desse projeto de auxílio. Ainda, em trabalho paralelo a transformação genética de variedades copa de laranja doce, verificamos que o DSF, por ser uma molécula pequena e difusível, poderia ser transcolada pelo porta-enxerto. Assim, iniciamos já durante o projeto temático, um estudo de transformação genética de porta-enxertos modelo e comerciais, para avaliar se o DSF produzido poderia ser translocado para copas de laranjeiras-doce não transgênicas, e conferir resistência as bactérias fitopatogênicas de citros. Aspectos relacionados com a interação com o vetor, desenvolvimento da planta e qualidade dos frutos, também fazem parte da continuação desse novo projeto apresentado a FAPESP. (AU)