Tratamento descentralizado de água residuária hospitalar em biorreatores anaeróbios de duas fases: avaliação da remoção de antibióticos

Resumo

O crescente aumento do uso de medicamentos antimicrobianos nos últimos anos e o surgimento crescente de microrganismos com genes resistentes a antibióticos tem despertado o interesse da comunidade científica para diversos problemas de saúde pública e impactos ambientais. Dentre esses problemas, tem-se a ineficiência ou necessidade de aumento da dosagem de medicamentos antibióticos para tratamentos médicos e que, sendo apenas parcialmente metabolizados pelo organismo, são excretados pela urina. Embora os sistemas de tratamento de esgoto sanitário aplicados atualmente apresentem índices de remoção de matéria orgânica superior a 80%, a eficiência de remoção dos micropoluentes orgânicos (MPOs), incluindo os antibióticos, nos sistemas de tratamento convencionais segue sendo um desafio. Outro agravante sobre o aporte de antibióticos ao ambiente é o lançamento dos efluentes hospitalares nas redes coletoras de esgoto, juntando-se aos efluentes domésticos, sem nenhum tipo de tratamento prévio, o que pode tornar a remoção de micropoluentes emergentes ainda mais desafiadora. Dessa forma, o presente projeto de pesquisa busca avaliar o potencial do sistema de tratamento anaeróbio, descentralizado, para a remoção de antibióticos de efluentes hospitalares, utilizando biorreatores de duas fases (acidogênica e metanogênica). Serão avaliados cinco antibióticos das classes dos fluoroquinolonas, seis sulfonamidas e um trimetoprima. Além do acompanhamento das substâncias em estudo e seus metabólitos e produtos, por meio de análises físico-químicas, serão realizadas análises de biologia molecular, em diferentes fases do processo, a fim de identificar os microrganismos envolvidos e tentar elucidar algumas lacunas relacionadas ao metabolismo microbiano e à biodegradação desses antibióticos. (AU)