Perfil do metaboloma e do bacterioma em pacientes HAM/TSP

Resumo

A paraparesia espástica tropical/mielopatia (HAM/TSP) associada ao vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV-1) é clinicamente caracterizada por fraqueza progressiva dos membros inferiores, espasticidade e disfunção do esfíncter vesical/intestinal. A doença afeta 0,25-3,8% dos adultos infectados pelo HTLV-1, com idade média de início de 40-50 anos, e uma maior prevalência em mulheres do que em homens, com uma proporção de aproximadamente 3:1. A principal característica patológica da HAM/TSP é a inflamação crônica com degeneração difusa em todo o sistema nervoso central (SNC). A patogênese da HAM/TSP mostrou envolver fortes respostas inflamatórias no SNC, com infiltrados inflamatórios perivasculares no cérebro e na medula espinhal. O mecanismo patológico de desenvolvimento da HAM/TSP ainda é muito desconhecido. Vários estudos têm explorado o envolvimento da genética e do sistema imunológico na suscetibilidade de indivíduos infectados pelo HTLV-1 desenvolverem a doença. Alguns estudos sugerem uma correlação entre HAM/TSP e doenças autoimunes, como uveíte, artrite, alveolite de linfócitos T, polimiosite e síndrome de Sjögren. A microbiota humana, principalmente a intestinal, tem se mostrado de fundamental importância na patogênese de doenças autoimunes, como diabetes tipo 1, doenças inflamatórias intestinais e artrite reumatoide. Nenhum estudo na literatura científica investigou a influência do bacterioma no contexto HAM/TSP. O objetivo deste estudo é avaliar o metagenoma intestinal e o metaboloma intestinal e urinário em pacientes com HAM/TSP e compará-los com portadores assintomáticos do HTLV-1 e controles saudáveis. A técnica a ser utilizada para caracterizar o bacterioma intestinal será baseada na análise do gene parcial do rRNA 16s bacteriano pela abordagem de sequenciamento de nova geração Illumina MiSeq. Além das fezes, amostras de urina serão examinadas para identificar potenciais alterações metabólicas correlacionadas com o bacterioma em pacientes com HAM/TSP e estabelecer sua verdadeira estrutura metagenômica por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas. Se pudermos mostrar neste estudo que existe uma ligação entre a doença HAM/TSP e a desregulação intestinal, esses resultados podem não apenas nos ajudar a encontrar novos biomarcadores para diagnosticar e controlar HAM/TSP, mas também podem nos dar uma razão para vir com novos tratamentos complementares para a doença. (AU)