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Imigração, territorialidade e conflitos urbanos: subsídios para sua musealização

Processo: 22/04666-2
Modalidade de apoio:Auxílio à Pesquisa - Pesquisador Visitante - Internacional
Vigência: 29 de agosto de 2022 - 01 de outubro de 2022
Área do conhecimento:Ciências Sociais Aplicadas - Museologia
Pesquisador responsável:Paulo César Garcez Marins
Beneficiário:Paulo César Garcez Marins
Pesquisador visitante: Monica Raisa Schpun
Inst. do pesquisador visitante: École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), França
Instituição Sede: Museu Paulista (MP). Universidade de São Paulo (USP). São Paulo , SP, Brasil
Vinculado ao auxílio:17/07366-1 - Coletar, identificar, processar, difundir: o ciclo curatorial e a produção do conhecimento, AP.TEM
Assunto(s):Museus de história  Imigração  São Paulo (SP)  Intercâmbio de pesquisadores  Colaboração científica 
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Ciclo curatorial | Imigração | Liberdade (bairro) | Museus de História | Políticas de aquisição | São Paulo (cidade) | Museus de História

Resumo

Os fluxos migratórios marcam indelevelmente e de modo estrutural as grandes metrópoles mundiais. Suas culturas urbanas foram construídas sobre um amplo arsenal de imagens e representações que se referem, incessantemente, e de modo extremamente variado, ao seu cosmopolitismo. E esse forjou e continua forjando dinâmicas sociais, comportamentos coletivos, identidades urbanas, que se mostram desafiadoras inclusive para a esfera patrimonial. Pois esta tem como missão zelar pelos acervos capazes de documentar tais dinâmicas e superar o ocultamento da presença da imigração nas instituições museais, nos arquivos públicos e na proteção do patrimônio em sentido amplo, dos espaços urbanos marcados pela imigração, presentes em todas as metrópoles do mundo. De um lado, os bairros e comércios étnicos, a incorporação de expressões idiomáticas estrangeiras à língua local, a adoção de receituários à gastronomia constituem um conjunto de vetores que proporcionam visibilidades imigrantes ao espaço público. De outro, porém, bairros multiétnicos e a dispersão residencial e profissional de certos grupos, a falta de nichos étnicos no mercado de trabalho, ou a ausência de empréstimos linguísticos e culinários, trazem uma invisibilidade portadora de consequências não menos importantes do que os vetores de visibilidade. Sem contar que uns e outros, quer suscitem visibilidades ou invisibilidades, não se vinculam forçosamente à real presença urbana de um grupo: grupos extremamente minoritários podem aparecer mais, pelo contraste de suas diferenças em relação à sociedade local, do que outros, muito mais numerosos. E a complexidade do cruzamento entre migrações e dinâmicas urbanas não termina nas formas de incidência dos fluxos migratórios sobre o espaço urbano. Isso porque, inversamente, as dinâmicas urbanas incidem sobre a vida dos imigrantes. Normas reguladoras da ocupação e da circulação urbanas facilitam ou dificultam o acesso à moradia e ao trabalho aos recém-chegados, favorecendo, permitindo ou obstaculizando a concentração étnica e o exercício profissional. Sem contar que, em muitos casos, tais normas deixam uma grande margem à improvisação, a práticas sociais que se inscrevem nos interstícios das normas. Este duplo movimento, entre imigração e dinâmicas urbanas, apresenta um impacto social considerável. A compreensão fina desses processos nos permite decodificar a urbanidade em toda a sua complexidade, e responder, de modo crítico, às enormes repercussões políticas que os fenômenos migratórios suscitam. O presente projeto tem assim, como objetivo central, trabalhar nessa dupla perspectiva, focalizando, simultânea e alternadamente, o espaço urbano e seus grupos migratórios, a fim de compreender suas interações e suas intersecções. Para realizá-lo, a pesquisadora visitante dará continuidade a uma pesquisa em curso sobre a presença dos nipo-paulistanos no bairro da Liberdade, exemplo paradigmático de bairro étnico, que fornece uma possibilidade de estudo de caso particularmente eloquente. É a partir de tal perspectiva de pesquisa que se pretende trabalhar com as equipes do Museu Paulista com um duplo objetivo, vinculado a duas dimensões do ciclo curatorial: no que tange à coleta de acervos, almeja-se colaborar para a definição de critérios para o estabelecimento de uma política de acervos relativos a imigrantes que construíram a metrópole (uma das maiores lacunas existentes nas coleções do museu), e, no que tange à difusão, formular as linhas gerais de uma exposição de curta-duração sobre a Liberdade como bairro étnico que será apresentada após a reabertura do museu (período estimado: maio de 2024). Nessa mostra, a dupla perspectiva aludida permitirá compreender a Liberdade como espaço urbano marcado, de um lado, pela grande visibilidade dos nipo-paulistanos, grupo étnico que reivindicou e continua reivindicando uma ligação prioritária com esse espaço da cidade, em modo coletivo e, de outro, a ocultação do caráter multiétnico do bairro (AU)

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