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Do Brasil e outras marcas: nação na economia simbólica dos megaeventos esportivos

Processo: 18/02460-2
Modalidade de apoio:Auxílio à Pesquisa - Publicações científicas - Livros no Brasil
Vigência: 01 de julho de 2018 - 30 de junho de 2019
Área do conhecimento:Ciências Humanas - Sociologia - Outras Sociologias Específicas
Pesquisador responsável:Michel Nicolau Netto
Beneficiário:Michel Nicolau Netto
Instituição Sede: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Campinas , SP, Brasil
Assunto(s):Sociologia da cultura  Identidade nacional  Globalização  Produção do espaço  Desnacionalização  Eventos esportivos  Livros  Publicações de divulgação científica 
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Economia simbólica | Globalização | Identidade Nacional | Marca-nação | Megaeventos esportivos | produção do espaço | Sociologia da Cultura

Resumo

Recentemente o discurso sobre legados passou a fazer parte da gramática dos megaeventos esportivos. Nesse discurso ganha cada vez mais destaque o chamado legado intangível, geralmente associado a um suposto ganho internacional de imagem da nação-sede. Ao mesmo tempo, nota-se o surgimento de especialistas em desenvolver a nação enquanto uma marca em processos que ganham a alcunha de nation branding. A contemporaneidade e a relação entre esses dois fenômenos torna evidente que ao contrário de prognósticos típicos dos anos 1990, a globalização não negou a nação, mas, ao contrário, apresentou condições para a intensificação e expansão de sua produção e circulação. Com isso em mente, este livro parte da seguinte pergunta geral: como podemos compreender a nação em uma situação de globalização. As edições da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 são, em primeiro lugar, o locus em que serão investigados elementos que subsidiem a resposta para essa pergunta. Os megaevento passam por um duplo processo recente que nos interessa diretamente. De um lado, ganha importância a economia simbólica no momento em que a renda de FIFA e COI depende cada vez mais da comercialização e circulação de signos. De outro lado, há um processo de desnacionalização da autoridade sobre as formas simbólicas, algo que reforça o controle dos órgãos transnacionais sobre essas formas. Essas duas características recentes dos megaeventos têm impacto direto na forma como a nação pode ser representada: ela se torna um corpo simbólico que deve ser economicamente valorizado e, ao mesmo tempo, disputado de acordo com as regras estabelecidas por instâncias transnacionais. Da análise dos megaeventos podemos extrair elementos mais gerais que nos ajudam a pensar a nação na globalização. Este livro mostrará que os mais variados símbolos nacionais, das mais distantes referências, passa a ocupar nosso cotidiano. Eles estão na forma como comemos, nos vestimos, assistimos a filmes, ouvimos música, decoramos nossa casa, escolhemos para onde viajar, etc. Isso significa que a produção da nação se internaliza no globo e deixa de ser somente um assunto circunscrito a limites nacionais. Ainda, que a nação forma nossa "imaginação global" prioritariamente pelo consumo. Essas duas dimensões do problema - a desnacionalização da produção da nação e sua relevância para o consumo - têm implicações analisadas no livro. Será notado que a nação se produz hoje em fluxos globais disjuntos, nos quais há infinitos agentes em infinitos pontos de partida produzindo a nação para infinitos agentes em infinitos pontos de chegada. Contudo, esses fluxos não podem ser compreendidos sem que observemos as relações de poder que neles operam. Será demonstrado, em primeiro lugar, que surgem agentes interessados no controle desses fluxos. Aqui se destacam as corporações globais como os patrocinadores da Copa e das Olimpíadas, além de FIFA e COI. Contudo, também o Estado - um agente, ele próprio, do processo de desnacionalização da produção da nação - se interessa no controle sobre o fluxo. Para tanto, cria ou recria agências estatais especialistas na produção da nação no espaço global, como EMBRATUR e APEX-Brasil, analisadas neste livro. Em segundo lugar, também será demonstrado que surgem os especialistas transnacionais em representação nacional. São publicitários, designers, diretores de cinema e arquitetos que circulam o mundo representando nações. Os megaeventos, argumento por fim, não servem simplesmente como uma oportunidade para um ganho de imagem da nação-sede. Em verdade, eles devem ser entendidos como processos que: 1) legitimam a competição entre nações como uma competição entre imagens; 2) nos ensinam a imaginar o mundo como um grande mercado global de símbolos no qual as nações se atrelam a nossas práticas de consumo; 3) elevam o status de certos agentes envolvidos nessa forma de produção da nação. (AU)

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