Interações planta-animal: de mutualismo a antagonismo

Resumo

As pesquisas sobre mutualismos de polinização surgem no Brasil no século 19, com os estudos de Fritz Müller e suas correspondências com Charles Darwin. Ao redor do mundo, foi a partir da década de 1950 que esta linha de pesquisa se aprofundou sob a perspectiva de estudos em sistemas naturais com enfoques ecológico-evolutivos. No Brasil, a linha foi retomada e estruturada nas décadas de 1960 e 1970 e desde então vem se desenvolvendo em várias instituições. Iniciativas recentes marcam a consolidação estudos em Biologia da Polinização, com crescente participação no cenário internacional de publicações. Destacamos a Iniciativa Brasileira de Polinizadores coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente, a Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador (REBIPP) e o primeiro e segundo Simpósio Brasileiro de Polinização, respectivamente em Araras-SP e Catalão-GO. Estes dois últimos contaram com apoio FAPESP (Processos: 2014/07387­0 e 2016/09146-6). Estas atividades e o crescente volume de publicações em revistas internacionais, incluindo Nature e Science, demonstram a importância da linha de pesquisa em Biologia da Polinização no Brasil no cenário científico internacional. Nesse contexto, a presença frequente de grandes pesquisadores contribui tanto com os projetos em andamento no Laboratório de Biossistemática e Polinização da Unicamp, quanto pelo oferecimento de cursos de excelência no nível da Pós-Graduação. Em uma década de visita de pesquisadores estrangeiros, recebemos em nosso grupo nomes como Joseph Williams (EUA), Gary Stiles (Colômbia), Leonardo Galetto (Argentina), Klaus Lunau (Alemanha), Santiago Benitez-Vieyra (Argentina), Jeff Ollerton (Inglaterra), Günter Gerlach (Alemanha), Bo Dalsgaard (Dinamarca), Luis Navarro (Espanha) e o casal Nick Waser e Mary Price (EUA) e Scott Armbruster (UK). Neste ano, pretendemos convidar outro nome de peso na área da Ecologia de Mutualismos, incluindo Biologia da Polinização, a professora Judith Bronstein, da University of Arizona (EUA). A pesquisadora iniciou seus estudos na década de 1980, com trabalhos sobre mutualismos de polinização obrigatórios entre figos e vepas. Ao longo de sua carreira, contribuiu enormemente para o entendimento dos mutualismos em geral, desde os fatores ecológicos que os influenciam até como estas interações persistem durante o tempo evolutivo. Sua lista de publicações inclui revistas como Ecology Letters, Ecology, Evolution, TREE, PNAS, The American Naturalist, New Phytologist, entre outras. Neste sentido, a pesquisa da Profa. Judith Bronstein é marcada por integrar distintas abordagens na área, vindo de encontro com a atual perspectiva científica brasileira na Biologia da Polinização. Através deste projeto, a referida professora ofertará uma disciplina sobre a ecologia e evolução dos antagonismos e mutualismos entre plantas e animais, em conjunto com o Prof. Dr. Goggy Davidowitz nos Programas de Pós-Graduação em Ecologia e Biologia Vegetal da Unicamp. Também discutirão as pesquisas e trabalhos em andamento, uma vez que a visita aqui pleiteada tem relação direta com projetos de pesquisa que supervisiono e oriento no laboratório de Biossistemática e Polinização da Unicamp. Mais além, projetos de pesquisa de grupos de ex-orientados que atuam em outras instituições também serão beneficiados com a visita da pesquisadora. Além disso, a Professora visitante também ministrará uma palestra magistral no 69º Congresso Nacional de Botânica. (AU)