Em livro sobre os primeiros tempos da FAPESP, Alberto Carvalho da Silva relata sobre um projeto especial que ganhou corpo no início dos anos 80:
“Tendo em conta a necessidade de estudos sobre o balanço dos recursos hídricos do Estado para poder contribuir para o planejamento de sua utilização adequada, em 1982 a FAPESP promoveu um ciclo de reuniões com a participação de representantes das entidades que atuam nesse setor. Dessas reuniões resultou o projeto Ação Programada das Águas Subterrâneas, em convênio com o Departamento de Águas e Energia Elétrica.”
Implantado a partir de 1983, esse trabalho mobilizou equipes do Departamento de Águas e Energia, da Escola de Engenharia de São Carlos da USP, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras em Ribeirão Preto, também da USP, do Instituto de Geociências da Unesp em Rio Claro e do Instituto Geológico da Secretaria do Meio Ambiente.
O geólogo Aldo da Cunha Rebouças, do Instituto de Geociências da USP, era o coordenador desse projeto de pesquisa.
Silva descreve:
“O projeto desenvolveu-se até 1987 em quatro áreas piloto:
A. Relações hidrometeorológicas na região de afloramento do sistema aqüífero de Botucatu (USP, São Carlos);
B. Hidrogeologia da bacia hidrográfica de Rio Pardo (USP, Ribeirão Preto);
C. Hidrodinâmica e hidroquímica de aqüíferos (USP, São Paulo);
D. Estudo hidrogeológico do Grupo Tubarão na bacia hidrográfica do Rio Capivari (Unesp, Rio Claro).
O projeto teve dois resultados práticos relevantes:
1. Melhor conhecimento das condições de recarga do principal sistema aqüífero do Estado, importante para o planejamento de sua utilização e com reflexos sobre a industrialização e
2. Demonstração dos impactos negativos da construção e operação desordenada de poços públicos e privados.
Desenvolveu-se também grande cooperação nacional e internacional, com apoio do International Development Research Center, Fundação Rockefeller, Banco Interamericano de Desenvolvimento e Convênios com a Fundação Volkswagen, prefeituras de Cubatão e Santos, institutos de pesquisas e três universidades.”
Esse projeto permitiu a formação de 36 mestres e 24 doutores e a apresentação de 29 trabalhos em congressos e simpósios.
O projeto Ação Programada em Águas Subterrâneas teve grande impacto sobre o desenvolvimento científico e contribuiu para a consolidação de grupos de pesquisa em São Carlos, Rio Claro, Ribeirão Preto e São Paulo, estimulando a cooperação entre eles e com outros grupos, como o DAEE.
O produto acadêmico pode ser avaliado pela publicação de dez trabalhos científicos, apresentação de 29 trabalhos em congressos e simpósios, 36 teses de mestrado, 24 de doutorado e 27 bolsas de iniciação científica.
A cooperação nacional e internacional pode ser avaliada pela realização de cursos de extensão para a América Latina com apoio do IRDC, Fundação Rockefeller e BID e convênios com Fundação Volkswagen, prefeituras de Cubatão e Santos, empresas estatais (CETESB e Sabesp), institutos de pesquisa (Inpe e Ipen) e Universidades (USP, UFC, Unesp).
As contribuições diretas para o desenvolvimento social e econômico do Estado podem ser sintetizadas em dois grandes itens:
. a obtenção dedados básicos sobre as condições de recarga do principal sistema aquífero, de importância fundamental para o planejamento e gerenciamento da utilização dos recursos hídricos e seus reflexos sobre a industrialização;
. a demonstração dos impactos negativos da construção e operação desordenada de poços públicos e privados, particularmente evidentes no sistema aqüífero de Botucatu.
Refs.: SILVA, A.C. Atividades de Fomento à Pesquisa e Formação de Recursos Humanos Desenvolvidas pela FAPESP entre 1962 e 2001. São Paulo: FAPESP, 2004. p. 26-27.
SILVA, Alberto Carvalho da (Coord.). FAPESP 30 anos: em apoio à pesquisa e ao desenvolvimento. São Paulo: FAPESP; EDUSP, 1994. p. 89-90.