Na apresentação do Relatório das Atividades 1968, o presidente do CTA, Jayme Cavalcanti, observou que não faltaram recursos para atender aos pedidos de bolsas e de auxílio à pesquisa, mas ressaltou que o percentual de 0,5% do orçamento do Estado destinado à FAPESP, na prática, não eram mais que 0,25%, porque “os pagamentos foram sempre efetuados, desde a instalação da Fundação, em 1962, com base nas receitas verificadas dois anos atrás, e sem correção monetária”.
Em 1968, como nos anos anteriores, o setor tecnológico foi o que recebeu o maior volume de recursos financeiros. Nesse ano, os dois projetos tecnológicos apoiados que se destacaram foram: fabricação de aparelhos para o Ensino de Física, Química, Biologia e outras disciplinas, pela Fundação Brasileira para o Desenvolvimento do Ensino de Ciências (Funbec); e a instalação do laboratório de semicondutores na Escola Politécnica da USP.
O relatório menciona a criação do Conselho Estadual de Tecnologia, com o propósito de orientar a política tecnológica em São Paulo, e o Centro de Tecnologia Industrial, e reconhece duas dificuldades para a pesquisa tecnológica – a formação lenta dos pesquisadores e a falta de vagas no mercado de trabalho para os pesquisadores formados.
O número de auxílios à pesquisa mantinha-se ao redor de 300 por ano e o de bolsas aumentava continuamente. Em 1968, a FAPESP aprovou 74% dos 398 auxílios solicitados e 71% das 671 bolsas solicitadas.
O diretor científico, Alberto Carvalho da Silva, observou:
“Está acima de qualquer dúvida que o problema básico do desenvolvimento científico e tecnológico do país é a formação de pessoal em qualidade e número satisfatórios. A construção de edifícios e a instalação de laboratórios pode ser feita a curto prazo, desde que haja recursos financeiros; mas o desenvolvimento de um corpo de cientistas é um processo lento, que requer investimento contínuo e cuja necessidade se torna cada vez mais urgente, para atender, entre outros, os seguintes objetivos:
a) a criação de novas unidades de ensino superior;
b) a renovação e ampliação dos quadros das instituições de ensino e pesquisa já existentes;
c) renovação e ampliação do corpo de pesquisadores nas instituições de pesquisa diretamente ligadas às Secretaria de Estado, ou sob a forma de Fundações;
d) renovação e ampliação do corpo de pesquisadores nos laboratórios de pesquisa ligados aos desenvolvimento tecnólogico, mantido pelo Estado ou pela iniciativa particular”.
Para atender a essas demandas, ele propunha a reformulação da estrutura universitária, para acelerar a formação de pesquisadores; aumento rápido no número de orientadores capazes de dirigir o trabalho do estudantes; e mínimos salariais, para reter os pesquisadores mais jovens, enquanto se formam.